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Finanças

Fundação prevê verba de R$ 65 mil para as escolas do grupo A

A prefeitura de Curitiba reconhece as vacas magras. "Atravessamos, além do processo de transição política, um alto contingenciamento de recursos", explica o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Marcos Cordiolli. Mas há samba para 2015. Um reajuste está previsto para o carnaval do ano que vem. "Seguramente será um aumento substancial", afirma Cordiolli. "A verba para as escolas do grupo A ficará perto de R$ 65 ou R$ 70 mil."

Atualmente, a FCC reserva para o edital de carnaval R$ 262.900 reais por ano. Desse valor, R$ 160 mil vão para quatro escolas do grupo A (R$ 40 mil para cada uma), R$ 72 mil para três escolas do grupo B (R$ 24 mil para cada) e até R$ 20.400 para a escola ingressante do grupo B. Foram alocados ainda R$ 10,5 mil para as três atrações de abertura, (R$ 3,5 mil para cada).

Um empecilho político também prejudica as finanças da festa curitibana. Uma lei municipal proíbe propaganda de bebidas alcoólicas na área dos desfiles, o que acaba por afugentar possíveis patrocinadores. "Muitas cidades ganham dinheiro com o carnaval. Aqui, há um déficit. A prefeitura investe mais do que recebe, já que o evento é gratuito."

Uma reunião pública na Câmara dos Vereadores de Curitiba irá debater a situação em meados de fevereiro.

Parte do carnaval de Curi­tiba começa no quintal de uma casa do bairro Santa Quitéria, onde lantejoulas vêm e vão, fitas caem do céu e pistolas de cola quente passam de mão em mão, entre muitas risadas. Sempre foi e sempre será assim, meio de improviso, a criação das fantasias da escola de samba Embaixadores da Alegria – a mais rodada da avenida, com 66 anos – e das outras sete que irão para a Rua Marechal Deodoro neste ano.

As quatro agremiações do grupo A se viram como podem com a verba de R$ 40 mil destinada pela Fundação Cultural de Curitiba. "Pelo menos neste ano não chegou em cima da hora", comemora a carnavalesca Suzy D’Avilla, a "faz-tudo" da Embaixadores. Mas a grana é curta, atestam os foliões, em uníssono. "O ideal seria algo perto de R$ 70 mil", diz Suzy, mostrando as saias vermelhas recém-pintadas penduradas no varal.

Ao que parece, paixão e resistência são os combustíveis dos carros alegóricos dos pinheirais. Para se criar 400 fantasias, 30 pessoas, todas voluntárias, se revezam em uma rotina de trabalho que chega a 15 horas. "Ontem ficamos das 9 da manhã à meia-noite", conta Maria Martins, a moça responsável pela cronometragem do desfile. "Não pode atrasar nem adiantar", explica, ao colar uma lantejoula amarela em um suporte vermelho que, em cinco minutos, daria forma a um pomposo chapéu. "Lá no Rio há uma indústria, eles trabalham o ano inteiro e ganham com isso. Aqui, tudo é feito com amor e passa de uma geração para outra", completa Maria, ao lado da filha Piettra.

O enredo da Embaixadores, neste ano, é quase pedagógico. As fantasias e os carros ganharão temas que lembram as obras de Rogério Dias, Tarsila do Amaral, Romero Britto, Potty Lazzarotto e Frans Krajcberg. "Queremos que nosso enredo ensine algo para quem vai à avenida", diz Suzy, professora de arte de uma escola estadual.

De improviso

Tudo começa no papel, onde está a ideia original. A partir dos desenhos pregados na parede da garagem, as fantasias tomam forma. Quando dá. "Veja. Só o arame para essa cartola custa R$ 19. Para uma ala, preciso de 40. Só aqui vai quanto de dinheiro?", diz Suzy. Então, o metal dá lugar a materiais mais baratos. Isso não se nota na avenida, garante a carnavalesca, que desde 1980 não perde um ziriguidum.

Em Curitiba, encontrar matéria prima para o folguedo também é de lascar. É preciso bater perna e contar com a sorte. Caso contrário, só em São Paulo. É Suzy quem diz. "Achei o tecido com motivos do Romero Britto no Brás." De volta a Curitiba, ela desistiu de uma fazenda especial que custava R$ 20 o metro. "Para 400 fantasias... faça as contas." Na média, cada peça que entra na avenida sai por R$ 35. Entram na conta da escola o aluguel do barracão para ensaios e até o pagamento do guincho, que levará o carro alegórico para a Marechal no dia do desfile.

Mesmo com dinheiro de menos e trabalho demais, ninguém reclama no Santa Quitéria. "Você gosta de futebol?", pergunta Suzy ao repórter, que faz "sim" com a cabeça. "O que te motiva a jogar mesmo na chuva ou em um campo não tão bom? É a mesma coisa."

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