Depois de várias cobranças e algumas polêmicas relacionadas a números sobre a criminalidade no Paraná, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) adiantou ontem, por e-mail, à Gazeta do Povo, que planeja divulgar dados estatísticos sobre os crimes a cada três meses. A intenção da Sesp é de que "até meados de 2007" as informações sejam publicadas pela primeira vez no Diário Oficial do Estado e fiquem disponíveis a toda população. "Antes, os dados não eram divulgados porque se percebia claramente problemas, distorções de realidades e duplicidade de números nas estatísticas", informou a Sesp em nota oficial. Normalmente, os dados não eram divulgados à imprensa com a justificativa de que eram de interesse policial.
O sociólogo Pedro Bodê de Moraes defende a transparência nas estatísticas de governo. "A transparência nos dados do estado são absolutamente fundamentais. Não só na área de segurança", afirma. Ele comenta que tão importante quanto a divulgação dos números é a qualidade da apuração. "Não é só a divulgação, mas que a coleta dos dados de segurança possa melhorar." Moraes cita o exemplo das estatísticas de assaltos a bancos de São Paulo que tiveram de ser revistas no início deste mês depois que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou um número duas vezes maior que o divulgado pelo governo.
Pânico
Moraes não acredita que a publicação dessas informações possam causar pânico nas pessoas. "A população tem direito de saber. São dados públicos. Devem ser apresentados", afirma. Entretanto, ele alerta que veículos de comunicação devem tomar cuidado para não espetacularizar os números.
O cientista político Renato Perissinotto também defende a transparência dos dados. "Acesso às informações não é um favor, é um direito. Tem de dar informação por obrigação funcional", afirma. As estatísticas sobre a criminalidade em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, por exemplo, são divulgadas na página dos governos estaduais, na internet. (JO)
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