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Ciclovia mal conservada: mais infraestrutura para quem não tem carro | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Ciclovia mal conservada: mais infraestrutura para quem não tem carro| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

As dez ideias

O documento do Simpósio Internacional de Sustenta­bilidade em Arquitetura e Urbanismo (Sisau) propõe:

- Educar e conscientizar as pessoas acerca da sustentabilidade, do ensino fundamental ao superior, para que atuem no planeta de maneira responsável.

- A sociedade civil organizada, através de suas entidades, deve contribuir com ações para a conscientização da população.

- Cobrar das instituições públicas que passem a dar o exemplo através da adoção imediata de projetos e obras públicas elaborados a partir dos conceitos de arquitetura bioclimática.

- Criar estímulos fiscais para viabilizar a boa prática da sustentabilidade.

- Reinventar o padrão de coexistência territorial e sociodiversidade urbana, com a adoção do modelo de cidade mais compacta e inteligente, onde convergem diversidade, oportunidade, conhecimento, cultura e densidade.

- Aprimorar ainda mais a mobilidade urbana, com adoção de sistema de transporte coletivo ajustado à demanda, infraestrutura para o uso de bicicletas e melhorias nas condições de acessibilidade para pedestres, gerando uma cultura do deslocamento em curta distância.

- Incentivar a indústria a investir ainda mais em pesquisas e medições dos materiais destinados a construção e propagar aos consumidores todas as informações relacionadas ao ciclo de vida, impacto ambiental e desempenho dos materiais.

- Promover a integração de disciplinas, tais como nano, bio, info e cognotecno­logia, às disciplinas tradicionais nos âmbitos de arquitetura e engenharia, com foco em aumentar a performance dos materiais de construção e diminuir o volume de recursos naturais utilizados.

- Buscar inspiração na maneira em que a natureza se desenvolve, visando otimizar as técnicas construtivas, e com isso racionalizar o uso de energia e de matéria prima.

- Devolver ao arquiteto e urbanista seu papel de coordenador e idealizador de projetos e de construtor de valores para a sociedade.

Dez ideias para uma cidade mais sustentável. Esse foi o resultado do 2.º Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo (Sisau) realizado em Curitiba, nesta semana. O manifesto, divulgado ontem, contém estratégias de ataque pela sociedade civil, poder público e profissionais liberais. Entre as principais propostas, está a tentativa de implementar uma cidade mais compactada, que otimize a utilização de sua infraestrutura, com foco na mobilidade urbana e melhorias no sistema de transporte público.

De acordo com a coordenadora do Sisau, Cristiane Lacerda, foram colhidas cerca de 40 ideias durante os dois dias de evento. Elas passaram por um processo de consolidação que resultaram no manifesto divulgado ontem. "As ideias vão do geral para o específico: começando com a educação, pois sustentabilidade depende de todos. Com ações mais críticas ao próprio consumo viveremos de forma mais sustentável. Talvez haja esperança para o planeta", diz. Ela explica que os arquitetos têm preocupação específica sobre o tema. "Nossa atividade é de alto impacto. É uma atividade extrativista que gera resíduo."

Para uma aplicação direta das ideias em Curitiba, Cristiane defende a revisão do plano diretor da cidade. "Ele precisa passar por um processo de atualização, pois está arraigado de ideias antigas. Ele começou a ser desenvolvido há mais de 50 anos e não havia essa mentalidade que temos hoje", opina.

Segundo ela, o plano diretor de Curitiba precisa passar por um processo de atualização que leva em conta conceitos como o das cidades compactadas e de um urbanismo voltado para o homem. "Antes o urbanismo era voltado para o carro. O novo paradigma é o urbanismo voltado para a pessoa", diz. Uma das formas de se trabalhar isso, segundo Cristiane, é aprimorar a infraestrutura para o uso da bicicleta e para o pedestre, como Bogotá, na Colômbia, fez. O presidente da Associação Brasileira de Escritório de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR), Gustavo Pinto, defende que uma aplicação prática das ideias do manifesto em Curitiba, por exemplo, seria a utilização de vazios urbanos de forma prática. "Poderia haver uma interligação intermodal pelo vazio urbano da linha férrea que cruza Curitiba toda, com um grande parque linear com ciclovia, com passagem de trem ou metrô de superfície, ônibus, respeitando-se escalas de deslocamento", comenta.

Outra proposta, segundo Pinto, seria a utilização de incentivos fiscais para a ocupação de prédios abandonados no Centro, reativando escritórios comerciais.

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