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Até o momento, três delegacias da capital já foram interditadas pelos policiais, que protestam contra desvios de função da categoria | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Até o momento, três delegacias da capital já foram interditadas pelos policiais, que protestam contra desvios de função da categoria| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Alvos são dupla função e baixos salários

O presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez, diz que o desvio de função é um problema que vem ocorrendo há anos, "em todos os governos". "No atual governo, a única carreira que não teve plano aprovado foi a nossa", reclama.

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O Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) deu ontem o primeiro passo para o início da operação-padrão nas delegacias paranaenses. Três unidades policiais de Curitiba foram notificadas: a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e o 12.º Distrito Policial (DP), no bairro Santa Felicidade. Se no prazo de 24 horas a tarefa de guarda de presos não for assumida por profissionais qualificados para a função, o Sinclapol promete responsabilizar civil e criminalmente os delegados titulares.

A notificação se baseia na decisão judicial da 1.ª Vara de Fazenda Pública da capital que determina "a integral manutenção das atividades funcionais dos agentes policiais civis". O sindicato espera que os policiais deixem de prestar serviços alheios às suas carreiras, cumprindo exclusivamente as atividades relacionadas no Estatuto da Polícia Civil e na legislação que rege a Polícia Judiciária.

A primeira delegacia notificada pessoalmente pelo presidente do Sinclapol, André Gu­­tierrez, foi a DFR. Como o titular, Luiz Carlos de Oliveira, não estava presente, a notificação foi entregue ao delegado-adjunto da unidade, Gil Rocha Tes­serolli. Hoje, outras delegacias da região metropolitana de Curitiba serão notificadas. Na sequência virão as unidades do interior do estado.

Campos Gerais

Nas delegacias da região dos Campos Gerais, os policiais civis se dividem entre a espera das novas determinações do sindicato e a impossibilidade de abandonar o trabalho nas carceragens. Segundo a investigadora Sônia Schadeck, da delegacia de Gua­rapuava, a intenção é aderir à operação-padrão, mas ainda não se sabe como a ausência dos policiais na guarda dos presos será preenchida. Em Guara­puava, 26 policiais atuam junto a seis agentes de carceragem para cuidar de 260 presos, 100 além da capacidade máxima do local.

A situação se repete em outras delegacias do estado. Em Te­­lêmaco Borba, a carceragem tem capacidade para 90 presos, mas abriga 230. Vinte policiais e apenas três auxiliares se revezam na função. De acordo com o delegado Najib Nassib Palma, o trabalho prossegue normalmente e não há planos de deixar a função restrita aos agentes. "Dificul­dades existem, mas conseguimos dar conta", relata.

A situação se agrava nas carceragens monitoradas exclusivamente pela Polícia Civil. Em Prudentópolis, quatro policiais se revezam em plantões de até um dia completo de trabalho para cuidar dos 50 presos, provisórios ou condenados, que dividem o mesmo espaço nas seis celas do local. "Na outra semana houve tentativas de fuga no domingo, na segunda e na terça-feira e havia apenas um policial para impedir", relata um policial, que prefere não ser identificado por medo de retaliações.

Após a fuga de seis presos no início do ano, a delegacia de Jagua­riaíva, com 60 presos, decidiu manter o trabalho dos dois policiais junto aos dois auxiliares na carceragem. "Apesar de não concordarmos em desempenhar essa função, não temos alternativa", alega o delegado Gumercindo Athaíte.

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