A novela entre cobradores e motoristas e as operadoras de transporte coletivo de Curitiba ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (7). Uma assembleia encabeçada pelo sindicato dos trabalhadores, o Sindimoc, aumentou a pressão contra uma das empresas do sistema, a Viação Sorriso, acusada de estar atrasando o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço [FGTS] de parte de seus colaboradores e de reter ilegalmente recursos descontados mensalmente das folhas de pagamento. Segundo o sindicato, apenas esta última irregularidade já teria gerado, até agora, uma dívida de R$ 400 mil com a entidade.
Briga constante
A dificuldade das empresas de transporte coletivo de Curitiba de manterem os pagamentos dos motoristas e cobradores em dia não é recente. O caixa no vermelho, como alegam as empresas, já causou muita dor de cabeça entre os passageiros - quase acostumados a ver tudo acabar em greve.
A última grande paralisação no sistema da capital foi em janeiro - a quarta em menos de um ano naquela data. No final de maio deste ano, uma nova paralisação foi descartada depois de uma reunião entre as partes envolvidas.
De acordo com o Sindimoc, os motoristas e cobradores mais prejudicados estariam há um ano sem o depósito do fundo de garantia. Por isso, todos os funcionários da empresa vinculados ao sindicato teriam sido orientados a emitirem extratos bancários para verificar a situação do FGTS. A ideia é de que todos os problemas detectados sejam repassados à entidade, que pretende juntar as denúncias e levá-las ao Ministério Público do Trabalho.
“Nós estamos pedindo para que os motoristas e cobradores nos tragam esses extratos. Ainda não temos um levantamento de quantos estão prejudicados, mas acreditamos que é a maioria deles”, disse o vice-presidente do Sindimoc, Dino Cesar Morais de Mattos. A empresa Cidade Sorriso é uma das do sistema de transporte coletivo da capital. Integrante do Consórcio Pioneiro, ela atende 49 linhas do Centro e do Sul da cidade e possui cerca de mil trabalhadores.
Retenção ilegal
A entidade que representa os trabalhadores relatou ainda que, além dos atrasos nos depósitos, a empresa estaria retendo ilegalmente recursos dos trabalhadores. O sindicato diz que, há três meses, a viação não repassa à entidade os valores descontados das folhas de pagamento referentes a serviços como assistência médica e farmácia.
Investigados por fraude em Guarapuava atuam no transporte coletivo de Curitiba
Leia a matéria completa“Estão cobrando dos motoristas e dos cobradores, mas esse dinheiro não está chegando até nós. Hoje, por causa disso, a empresa deve mais de 400 mil para o sindicato”, apontou o vice-presidente, que descartou uma greve, de imediato, para resolver o problema. “A greve é nosso último instrumento. Primeiro, queremos que eles dialoguem com a gente”.
Na assembleia desta quinta-feira, os motoristas e cobradores deram carta branca para que o Sindimoc “entre com medidas judiciais cabíveis” para resolver o problema.
Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa da Viação Cidade Sorriso informou que todos os recolhimentos que afetam os seus colaboradores estão em dia. Algumas pendências atrasadas, que não afetam diretamente os funcionários, serão debatidas em reunião, nos próximos dias, entre a empresa e o sindicato que os representam.
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