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A TPV (tensão pré-vestibular) é coisa séria: consultórios de médicos e psicanalistas ficam cheios, os alunos se tornam irritadiços ou têm crises de choro, depressão e insônia. Alguns chegam a somatizar o nervosismo na forma de alergias, vômitos, úlceras e gastrites.

"É uma loucura", confirma o professor Renaldo Franque, diretor do curso pré-vestibular Expoente. "Começam a pipocar atestados médicos, gente passando mal, aluno com úlcera, pais pedindo para poupar os filhos de tanta aula... de tal maneira que a gente não sabe se tudo isso é efeito da pressão psicológica ou se os estudantes já estão procurando uma desculpa para um eventual insucesso."

Franque menciona alguns casos típicos de vestibulandos "estressados". "Tem aquele que mora sozinho e sente falta do apoio da família, o que tem um irmão que passou no primeiro vestibular, outro que é o tio quem paga o cursinho e se sente na obrigação de retribuir... Esses sofrem bastante", observa. O diretor percebe outras formas de pressão sobre os alunos: "A comparação com outros estudantes, os números de aprovação dos cursinhos e a insistência na importância de determinados assuntos. Tem professor que repete o tempo todo que um determinado conteúdo vai cair na UFPR, tanto que muita gente fica em pânico só de ouvir a palavra Federal".

O diretor reconhece que alguns professores usam a tática do "terror" para estimular seus alunos a estudarem – seja apontando as suas falhas ou martelando a aplicação dos "concorrentes" – mas insiste que não é essa a orientação que recebem da instituição. "Tal prática mais atrapalha que ajuda. Nós encaramos o curso pré-vestibular como uma escola, damos orientação profissional, procuramos acompanhar as famílias, sabemos o que acontece com os nossos alunos", garante.

Outra forma recorrente de pressão – direta ou indireta – é a familiar, tanto na escolha do curso como na expectativa que os pais transferem aos filhos, que ficam com receio de decepcioná-los. Para tentar minimizar a interferência deles no desempenho dos vestibulandos, cursos como o Positivo promovem palestras de orientação também para os pais. "Já conseguimos reunir mais de 1,8 mil pais ", comemora Renato Ribas Vaz, diretor superintendente da instituição.

O desempenho nas provas e simulados também aflige muita gente, e às vezes chega a determinar a escolha do curso. "Às vezes, um aluno que pretendia fazer Medicina vê que a nota no simulado seria suficiente para disputar vaga apenas em Farmácia e acaba se inscrevendo em Farmácia para o vestibular", conta Ribas Vaz. (LP)

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