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Os deputados tentam evitar que aconteça com a CPI da Máfia Digital o mesmo que ocorreu com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.
Os deputados tentam evitar que aconteça com a CPI da Máfia Digital o mesmo que ocorreu com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.| Foto: Reprodução | Site Mynd8

O site da Mynd8, agência responsável por 34 perfis de fofoca, está fora do ar desde terça-feira (2). A CEO da agência, Fátima Pissarra, também está com a conta do Instagram fechada para apenas seguidores. A conta dela na plataforma X (antigo Twitter) também não pode ser mais encontrada.

A retirada dos conteúdos deu-se após perfis da Banca Digital da Mynd, como Garoto do Blog e Alfinetadas dos Famosos, serem apontados por influenciadores digitais, como Daniel Penin, como os responsáveis por distribuir conteúdo que teria levado Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, a cometer suicídio. A jovem se matou após a grande repercussão de um post afirmando falsamente que ela manteria um caso amoroso com o humorista Whindersson Nunes. A publicação acabou com centenas de comentários ofensivos e xingamentos.

O vídeo de Penin no YouTube teve mais de 1,5 milhão de visualizações até 14 horas desta quarta-feira (3). Um print de um post do Garoto do Blog, em que ele supostamente divulga uma conversa falsa entre Jessica e o humorista Whindersson Nunes, circula nas redes sociais.

Print de um post do perfil @garatoxdoblog, que circula nas redes sociais.
Print de um post do perfil @garatoxdoblog, que circula nas redes sociais.

Procurada pela Gazeta do Povo, a Polícia Civil de Minas Gerais, que cuida do caso, não quis confirmar se essas páginas estariam sendo investigadas e afirmou apenas que dará informações ao final do inquérito.

O perfil da Choquei, que era parceiro da Mynd e afirma não ter mais relação com a agência desde 2022, confessou ter republicado a notícia falsa sobre Jessica e Whindersson. A página conta com 27 milhões de seguidores nas redes sociais. Por nota, a página também afirmou que Raphael Sousa, responsável pelo perfil, prestou depoimento à Polícia Civil. O caso de Jéssica trouxe à tona informações sobre o funcionamento de sistema de influência nas redes sociais, que conta com ações da Mynd.

Perfis de fofoca da Mynd possui 150 milhões de seguidores

De acordo com o Spotniks do Canal UOL, um dos projetos da Mynd, chamado de Banca Digital, é responsável por administrar grandes perfis de fofocas como Fuxiquei, Fofoquei, Gina Indelicada e Alfinetei. No total, são 34 perfis que compõem a Banca Digital, os quais somados possuem 150 milhões de seguidores.

Além de atingir o público pelas páginas de fofoca, a Mynd também é responsável pela publicidade de artistas como Pabllo Vittar, Gil do Vigor, Luisa Sonza e Deolane Bezerra. Entre os clientes da agência estão ainda empresas como Americanas e Magazine Luiza. O papel da Banca Digital e suas páginas de fofocas é colocar em evidência os artistas agenciados. Assim, os artistas também melhoram o seu alcance nas redes, o que valoriza o seu trabalho de publicidade. Com os clientes da Mynd sendo mais procurados para a venda de produtos publicitários, o lucro da agência se torna ainda maior.

O alcance dos perfis agenciados e das páginas de fofoca junto a meios de comunicação permite que a Mynd viralize marcas, assuntos e influenciadores. O trabalho é questionado pelo anonimato dos perfis e pelo pagamento de conteúdos que chegam a usuários das redes sociais sem ficar claro que se trata de publicidade.

Influência no debate político

Ainda de acordo com o Spotniks, a agência teria usado esse poder para gerar cancelamentos, inclusive no debate político, utilizando notícias falsas. Em maio de 2023, a Gazeta do Povo mostrou o alcance de perfis pró-Lula que divulgavam notícias falsas ao relacionar melhorias na economia com o atual presidente.

Outro exemplo é a campanha que estimulava jovens de 16 anos a tirarem o título de eleitor, citada pelo Spotniks. Nela, diversos influenciadores ligados a Mynd postaram em suas redes sociais a importância da participação na campanha eleitoral. O vídeo do Spotniks também mostrou como o PT teve acesso a esses influenciadores, considerados "líderes digitais", durante a campanha do presidente Lula.

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