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Atualizado em 25/08/2005 às 17h26

Um dos dois brasileiros que estavam a bordo do Boeing 737-200 que caiu na Amazônia peruana, nesta terça-feira, é paranaense. Wagner Andolfato de Souza, de 25 anos, em entrevista à Gazeta do Povo na tarde desta quinta-feira (25), informou que viajava a turismo para Lima, capital do Peru, e não a trabalho, como fora divulgado. Ele sofreu queimaduras e está internado em um hospital na capital do Peru. Imagens do rapaz com parte do corpo enfaixado foram mostradas pela Rede Globo nesta quarta.

Souza disse que está tranqüilo, bem de saúde e que acredita que no sábado terá alta e no mesmo dia já retorna para Curitiba. "Amanhã (sexta-feira) os médicos devem colocar pele artificial sobre a parte queimada para agilizar o tratamento. Acho que no sábado saio e volto pra casa. Vai depender dos médicos", relata.

O paranaense teve os braços e o rosto atingidos pela bola de fogo causada pela explosão do avião. Logo que a aeronave caiu, o rapaz telefonou para o pai, Waldemar André de Souza, para avisar sobre o acidente e tranqüilizar a família, que tem uma mercearia em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Waldemar estava na mercearia quando recebeu um telefonema do filho. "Ele disse: 'Pai, meu avião caiu, mas eu quero dizer que eu estou bem. Sofri algumas queimaduras. Fala para a mãe ficar tranqüila. Sou um dos sobreviventes'", comentou.

Souza explicou como foi a queda do avião e acha que a causa da morte dos outros passageiros foi a explosão e não a queda. "Eu olhei pela janela e vi as árvores. Assim que o avião tocou o solo eu soltei o cinto e tentei sair. Daí de repente houve uma explosão. Uma bola de fogo veio na minha direção e eu tentei proteger meu rosto com as mãos, por isso das queimaduras. A força era tanta que eu fui jogado na minha poltrona. Acho que o que matou as pessoas foi a explosão e não a queda do avião" contou o paranaense.

"Consegui sair pela porta de trás do avião. Tava escuro e chuvendo muito. Tava caindo granizo e machucava muito por causa das queimaduras. Lá fora tinha mais sobreviventes. Nós fomos atrás de ajuda e conseguimos achar uma casa. Daí fomos levados para o hospital", disse Souza.

A informação é que 59 dos cerca de 90 passageiros sobreviveram à queda, a poucos quilômetros do aeroporto da cidade de Pucallpa.

AlívioValdemar decidiu não abandonar a mercearia e viajar para o Peru, porque o filho disse que esperava ter alta e voltar ao Brasil ainda nesta semana. Antes mesmo que a data da volta se confirme, o sentimento no Brasil já é de alívio. "Tem gente que nem acredita em Deus. Mas as orações do pai e da mãe fizeram com que as coisas, realmente, aconteçam. Às vezes, você não sabe por que aquilo está acontecendo, mas ele tem que saber que Deus o abençoou e ele está vivo", disse.

A namorada de Wagner, a recepcionista Aleçandra (com esta grafia mesmo) Teodoro, 30 anos, levou um susto ao ver as imagens do namorado todo enfaixado, mas se acalmou ao falar com ele nesta manhã. "O Wagner já estava dando risada ao telefone e aí eu fiquei mais tranqüila", disse.

Outro sobreviventeO outro sobrevivente brasileiro é Nivaldo Papetti, que é de Sorocaba, no interior de São Paulo, mas trabalha para uma empresa de mineração em Lima. Por telefone ao "Jornal Hoje", da TV Globo, ele contou que deixou o avião sem um arranhão sequer, e ajudou sobreviventes a afastarem-se os destroços.

"A gente começou a sair num campo aberto. Quando a gente saiu, começou a chover granizo. Muito forte, coisa que nunca vi na vida... O tamanho das pedras... Doía na cabeça. Chegaram duas pessoas de um povoado que ficava a um quilômetro dali. A gente pediu e os caras deixaram as capas deles para proteger as crianças e foram pedir ajuda".

Ele disse que tem um problema numa das pernas, mas acredita que isso tenha sido pelo esforço que fez ao ajudar uma aeromoça que estava muito queimada e não conseguia andar.

"Eu vejo as imagens agora pela televisão e não sei como saí vivo disso. E sem um arranhão! Somente esse problema na perna, que deve ter sido fora do avião, porque me esforcei muito. A aeromoça estava muito queimada, não podia andar rápido. A morte chegou muito perto da gente. Agora , a gente dá mais valor à vida", disse Nivaldo, que já retornou ao trabalho.

O Itamaraty disse que os dois brasileiros perderam os documentos no desastre, mas que estão recebendo assistência para resolver o problema.

AcidenteO avião da empresa estatal peruana Tans partiu-se em dois ao cair, sob forte tempestade, na selva peruana, a três quilômetros do aeroporto. O Boeing viajava com cerca de 90 pessoas e ia de Lima para Pucallpa. Antes, chegou-se a noticiar a presença de 100 pessoas a bordo. Nesta quinta-feira, o número de mortos foi revisado para 40 e o de sobreviventes, 59. Vinte e sete corpos já foram identificados.

Confira as palavras do pai do sobrevivente na reportagem em vídeo do Bom Dia Paraná.

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