A Igreja Católica vê com grande preocupação a tentativa de descriminar o aborto, proposta que faria parte de um processo contemporâneo de relativização da vida. "Temos que ficar atentos: hoje é a permissão de pesquisas com células-tronco (embrionárias); amanhã é a legalização do aborto; depois vai ser a eutanásia", adverte o padre Ricardo Hoepers (foto), especialista em bioética e professor do Estúdio Theologicum, de Curitiba.
Segundo Hoepers, a vida deve ser um valor absoluto, respeitada em sua integralidade. Para ele, não se pode relativizar isso, sob o risco da sociedade moderna tornar-se totalitária e de passar a "descartar" seres humanos que não são úteis do ponto de vista econômico (caso dos idosos, dos deficientes, dos enfermos). "Nós defendemos a dignidade da vida humana, do início ao fim. Mas o que vemos é uma idéia de consumo, de que as pessoas podem ser tratadas como coisas".
Para o padre, considerar que o aborto deve ser legalizado só porque as mulheres continuam praticá-lo é desviar o foco do problema. "Legalizar o aborto é uma muleta, que não resolve. Não corta o mal pela raiz". A solução do problema, diz Hoepers, está em garantir o acesso das mulheres a um sistema de saúde completo e a uma educação social e familiar para evitar gravidez indesejada.
Hoepers entende ainda que a tentativa de descriminalizar o aborto é uma faceta de uma sociedade que não quer assumir responsabilidades. "Aí, vem o amor livre, o sexo livre e as crianças rejeitadas".
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