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Ponta Grossa – O Hospital Doutor Feitosa, em Telêmaco Borba (região dos Campos Gerais), pode rever a decisão de fechar os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e encerrar os serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), caso seja oficializada a promessa feita por telefone pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Na quinta-feira, o hospital comunicou que a partir do dia 31 de outubro não atenderia mais pelo SUS, por falta de condições financeiras. O hospital vem acumulando mensalmente prejuízo de R$ 75 mil.

De acordo com a diretora-administrativa do hospital, Olga Schlusaz, na sexta-feira o diretor de Atenção à Saúde da Sesa, Gilberto Martin, procurou a direção e propôs o repasse mensal de R$ 50 mil. Outros R$ 25 mil viriam das prefeituras que dependem da instituição para o atendimento e de doações da comunidade. A reportagem procurou Martin e o secretário de Saúde, Cláudio Xavier, para confirmar o acordo, mas eles não foram encontrados.

"O acordo foi feito por telefone, mas ainda vamos aguardar o comunicado oficial. Por enquanto fica como está: o hospital deverá ser fechado no dia 31 de outubro", afirma Olga. Segundo ela, a instituição aguardará até sexta-feira para que a oficialização seja feita. De acordo com a diretora, não ficou estabelecido quando os repasses seriam feitos.

O Doutor Feitosa é referência para o atendimento de aproximadamente 200 mil pessoas que vivem em Telêmaco Borba e cidades vizinhas. A ausência dos leitos de Telêmaco Borba pode aumentar também a demanda por vagas em Ponta Grossa. A cidade já é referência para 800 mil pessoas e os 48 leitos disponíveis estão constantemente lotados.

O hospital de Telêmaco Borba é privado, mas destina 70% de sua capacidade nas especializadas básicas e 100% da UTI ao SUS. São realizadas mensalmente na instituição perto de mil internações nos leitos comuns e cerca de 60 na UTI. Desde que a UTI foi inaugurada, em outubro de 2003, a unidade vem acumulando prejuízos mensais de R$ 50 mil. Segundo Olga, o custo de um leito especial chega a R$ 3 mil e o repasse do SUS é de R$ 171. Já nos outros serviços, o valor repassado é de R$ 338 mil, o que cobriria os custos de 640 das cerca de mil internações mensais. "Não podemos mais suportar esse peso. Temos responsabilidades e com a falta de dinheiro não podemos dar o atendimento satisfatório."

Desde o início do ano, o hospital vinha alertando sobre as dificuldades financeiras para manter o atendimento. Em maio, a prefeitura de Telêmaco Borba se comprometeu a repassar mensalmente R$ 12 mil ao hospital para serem aplicados na pediatria. Mas, segundo Olga, a verba ficou somente na promessa. "O dinheiro nunca foi repassado." Até setembro, o hospital também mantinha um convênio com a empresa de celulose Klabin, que destinava mensalmente à instituição R$ 13 mil, mas o contrato não foi renovado para esse ano. De acordo com a empresa "a questão de saúde de uma cidade com cerca de 65 mil habitantes é um problema de infra-estrutura cuja solução certamente será encontrada pelos governantes". Toda a infra-estrutura e equipamentos da UTI da instituição foi montada pela Klabin.

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