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Pessoas que trocam o dia pela noite freqüentemente sofrem de sonolência diurna, fadiga, déficit de atenção, de memória, de raciocínio e ainda têm mais chance de desenvolver problemas cardiovasculares e metabólicos. De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, as doenças mais freqüentes em trabalhadores noturnos são as de origem gastrointestinal, como azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações do cólon e dificuldades em manter a regularidade intestinal.

De acordo com a presidente da Sociedade Paranaense do Sono, Elyéia Hannuch, por mais que a pessoa durma durante o dia, o efeito reparador não é o mesmo. Durante a noite, a ausência de luz, a queda de temperatura corporal e a secreção de alguns hormônios como a melatonina são essenciais para um descanso efetivo. Quem dorme durante o dia não tem o descanso fisiológico suficiente do sistema cardiovascular. A pressão arterial e a freqüência cardíaca não reduzem como acontece durante a noite, o que pode acarretar em arritmia, hipertensão e outras complicações. Não dormir durante a noite pode levar ainda a uma maior predisposição à obesidade e diabetes por conta das modificações metabólicas.

Embora o perfil matutino ou vespertino tenha características natas, o corpo consegue se adaptar a mudanças nesses padrões de sono. A enfermeira Jaqueline Ferreira, 33, trabalha no período noturno há 6 anos. Noite sim, noite não, ela fica das 19 h às 7 h de plantão no Hospital Angelina Caron. A rotina fica ainda mais intensa quando ela ministra cursos. "Tem manhãs em que vou direto do plantão para a sala de aula", conta. Jaqueline reconhece que a qualidade de vida não é a ideal. "Sinto que me tornei mais ansiosa, como muito durante a noite", conta.

Outro ponto que fica comprometido quando se troca o dia pela noite é a alimentação. Por conta dos horários desregulados pode haver falta de apetite ou o consumo exagerado de cafeínas e tabaco como forma de controlar o sono.

No caso de Jaqueline, a confusão no organismo é ainda maior, já que ela alterna dias de plantão com as folgas. Apesar dos horários irregulares, os especialistas afirmam que é importante tentar manter uma rotina, acordar, dormir e se alimentar sempre nos mesmos horários. A regularidade é importante para a manutenção do ritmo biológico do organismo. Dessa maneira, as células do chamado relógio biológico conseguem determinar como o organismo deve se comportar. "Esse ritmo é influenciado por marcadores externos, como a luz e os hábitos dessa pessoa", explica Elyéia.

A temperatura corporal é uma dessas funções determinada pelo ritmo biológico. Ela aumenta durante o dia e atinge o seu máximo no fim da tarde, iniciando uma queda lenta e gradual após às 18 horas e caindo ao mínimo na madrugada. É com a temperatura mais baixa que vem a sensação de sono. Segundo Elyéia, quem precisa trocar o dia pela noite precisa tomar alguns cuidados para não ter a saúde afetada. "É importante tentar tornar o sono diurno o mais fisiológico possível simulando as condições noturnas de luminosidade e silêncio", afirma.

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