Um soro contra picadas de abelhas desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, no interior de São Paulo, já pode entrar na fase final de testes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação do antiveneno em pessoas para a avaliação de riscos e comprovação da eficácia, conforme divulgou a Unesp nesta terça-feira (16). O produto, que ainda não tem similar, já passou pelas etapas pré-clínicas e agora será testado em humanos.
O soro antiapílico foi desenvolvido pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da universidade, em parceria com o Instituto Vital Brazil, de Niterói, no Rio de Janeiro, e pode salvar a vida de pessoas atacadas por enxames de abelhas africanizadas. Esses insetos respondem pela maior parte das vítimas de acidentes com vespas e abelhas e causam em média 40 mortes por ano no Brasil.
Quando um adulto é picado por mais de 200 abelhas, o corpo recebe uma quantidade de venenos suficiente para causar lesões nos rins, fígado e coração, podendo levar à morte. Cerca de 20 mililitros do soro aplicado por via intravenosa trazem uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar 90% dos problemas causados pelas abelhas africanizadas.
Os pacientes serão selecionados e receberão o soro em abril. Na primeira fase, 20 pessoas passarão pelos testes para a verificação de possíveis reações do organismo ao soro.
“Os médicos participantes do projeto serão responsáveis por definir qual paciente tem a indicação de soroterapia específica e a dose necessária”, explicou o coordenador do Cevap, Rui Seabra Ferreira Jr.
A fase de testes será concluída com a aplicação do soro em mais 300 pacientes. De acordo com o pesquisador, se os resultados forem os esperados, a Anvisa deve autorizar a fabricação do antiapílico. O soro será fabricado pelo Vital Brazil, referência na produção de antídotos para o Sistema Público de Saúde (SUS).
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