As regiões Norte e Leste da Amazônia e Nordeste do Brasil são vítimas de seca em tempos de El Niño. No Sul, a situação é inversa. Chove muito por aqui. Tanto que Curitiba já tem o maior acúmulo de precipitação para um mês de outubro desde 1997 (quando atuou o último El Niño forte): foram 227 milímetros desde o dia 1º. até as 12h45 desta quinta-feira (29).

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Mas, por qual motivo, ainda que outras regiões também sintam o efeito do fenômeno, o alvo principal no Paraná deve ser o Sudoeste? A professora da UFPR explica que é porque a região se encontra dentro de um dos “caminhos” preferidos do El Niño.

Quando a superfície dá água de determinadas regiões do Oceano Pacífico esquentam além do comum – uma das características mais fortes da formação do El Niño – altera também a circulação atmosférica, pois esse aquecimento gera mais evaporação, que ocasiona mais formação de nuvens, que, por sua vez, aumenta a probabilidade de chuvas. Esse ano, a temperatura do Pacífico pode ficar até 5°C acima da média em algumas regiões do oceano.

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“Quando o vapor de água se transforma em água liquida, há liberação de calor latente na atmosfera. E isso é uma fonte de energia que provoca ondas atmosféricas que se propagam lá do oceano pacífico aqui para o Sul do Brasil”, detalha Alice.

A meteorologista do Climatempo Patrícia Madeira ressalta que um fator importante para determinar não apenas a força do fenômeno, mas também a capacidade de estragos que ele pode causar é a temperatura do Oceano Atlântico. Quanto mais alta ela estiver em anos de El Niño, mais forte tende a ser o estrago. Isso explica o motivo pelo qual o El Niño de 1997, ainda que mais forte, teve menos estragos do que na atuação do fenômeno estragos em 1982, quando a temperatura das águas do pacífico ficou acima de 7°C do esperado.

“O que traz essa precaução, assim em 1982, além de muita chuva, é exatamente temperatura mais altas no Atlântico também. Quando só acontece no Pacifico, se não tiver com o Atlântico favorável para chuva, não vai acontecer muita coisa”, diz a meteorologista, ponderando que o aquecimento do Atlântico não está relacionado ao El Niño, mas apenas influencia a força dele.