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Com Paola e Bruno no colo, a turma de 2010 do curso técnico em petróleo e gás do Sept comemora o bom resultado no Enem 2012 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Com Paola e Bruno no colo, a turma de 2010 do curso técnico em petróleo e gás do Sept comemora o bom resultado no Enem 2012| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Caminhada

Confira a trajetória do curso técnico em petróleo e gás:

• 2006 – É criado na antiga Escola Técnica da UFPR o curso técnico em petróleo destinado a alunos de escolas públicas de Almirante Tamandaré. As aulas do ensino médio também são ofertadas na Federal.

• 2009 – O curso é o único a permanecer na UFPR enquanto os outros técnicos são transferidos para o Instituto Federal do Paraná (IFPR). Professores enfrentam críticas internas e externas por manterem um curso técnico dentro da universidade.

• 2010 – A demanda pelo curso, que agora se chama petróleo e gás, aumenta e metade das vagas é destinada para a classificação geral de um processo seletivo e a outra metade só para alunos de Almirante Tamandaré. O desempenho da turma que ingressa nesse ano é destaque no Enem 2012.

• 2011 – O processo seletivo para ingressar no curso passa a seguir a política de cotas da universidade, dividindo as 30 vagas entre classificação geral e alunos oriundos de escolas públicas. Como a procura é grande, são estipuladas regras para poder se candidatar ao curso, como não ter completado o ensino médio e ter menos de 19 anos.

• 2013 - Petróleo e gás tem a segunda melhor classificação do Paraná entre os colégios participantes do Enem 2012, divulgado no fim de novembro.

Extensão

Há um ano e meio, o Sept lançou o projeto de extensão Pensando e Fazendo Ciência, voltado para alunos de escolas públicas. No momento, 180 alunos participam e o objetivo é atender 240, com troca de turmas a cada dois meses e meio. Pelo projeto, os estudantes escolhem uma das 12 linhas de pesquisa, que podem ser como fazer biodiesel, recuperar ouro de resíduos de informática ou extrair corante de flores, por exemplo. Depois de 15 dias estudando e lendo artigos sobre o tema, o aluno apresenta um relatório e, a partir daí, a viabilidade da proposta é avaliada. Se for aceita, são mais 15 dias de execução no laboratório. Se não estiver de acordo com o esperado, são outros 15 dias estudando e refazendo a proposta.

O Setor de Educação Profis­sional e Tecnológica (Sept) da Universidade Fede­ral do Paraná (UFPR), a antiga Escola Técnica, surpreendeu no mês passado ao conquistar o segundo lugar entre as escolas do Paraná no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Foi a melhor escola pública ranqueada no estado. Um desempenho impressionante obtido graças à turma do curso técnico em petróleo e gás, que somou as melhores notas entre todos os cursos da instituição.

Nas áreas de Matemática e de Ciências da Natureza, que incluem as disciplinas de química, física e biologia, o desempenho dos alunos do Sept se destaca. Enquanto a nota média do Brasil em Matemática é 538,1, a da antiga Escola Técnica da Federal é 727,1. Em Ciências da Natu­reza as notas são 489,4 e 647,1, respectivamente.

Para a coordenadora do curso, Giselle Munhoz Alves, os estudantes de petróleo e gás foram cobaias e heróis ao mesmo tempo. Segundo ela, eles tinham uma "deficiência monumental" nos estudos quando entraram. E isso foi em uma época em que o curso estava sendo estruturado e enfrentava diversos problemas. "Faltava laboratório, sala de aula e nosso quadro de professores estava incompleto. Essa turma sofreu tudo o que podia e ainda assim conseguiu superar", lembra.

Dedicação

A estudante Paola Yasmin Stival se recorda muito bem dessa época. Então com 14 anos, ela deixou a escola pública em Almirante Taman­daré para estudar no Sept, em Curitiba. Foi um choque, diz. Sobretudo pela qualidade e quantidade do conteúdo oferecido. Hoje reconhece que não estava preparada para tudo aquilo.

"Alguns amigos se inscreveram e eu fui no embalo, nem tinha ideia do que estava fazendo. Ao entrar, minhas notas eram terríveis e eu achava que não ia conseguir me formar em três anos. Só não desisti porque os professores ajudavam muito", recorda Paola, que ingressou no curso técnico em petróleo e gás.

Metade das 30 vagas era destinada a estudantes de escolas públicas de Tamandaré. Assim como ela, outros estudantes também não conseguiam acompanhar o ritmo. Foi quando a coordenação do curso promoveu testes de nivelamento e aulas de reforço de matemática, química e física.

"Quando lancei o reforço de maneira optativa, achei que conseguiria 10 ou 15 alunos de Almirante Taman­daré, mas todos os 30 se inscreveram. Até tivemos problemas de falta de espaço", lembra o professor Adriano Rodrigues de Moraes, que ministrou dois semestres de física experimental. Foi aí que a turma deslanchou.

Hoje com 18 anos, Paola quer mais. Ela está terminando o primeiro ano de Química na UFPR e já pensa na área que vai seguir depois. Boa parte de seus colegas já está cursando alguma graduação – a maioria escolheu engenharia.

Alunos aplicam conhecimento nos estágios

Enquanto os alunos de ensino médio de colégios regulares estão focados no vestibular, o objetivo no curso técnico em petróleo e gás da Sept é a aplicação do conhecimento adquirido em sala. As turmas têm aulas todas as manhãs e em algumas tardes, mas o comum é o estudante passar o dia todo no câmpus, seja envolvido em alguma atividade, na biblioteca ou se distraindo com os colegas.

Ultrapassando as paredes da sala de aula, as atividades também envolvem viagens e visitas técnicas, sobretudo em indústrias. Além disso, eles devem cumprir 248 horas de atividades práticas, concentradas durante o segundo e o terceiro ano, explica o professor de Química José Luis Guimarães, responsável pelos estágios.

Os estágios acontecem via programa de voluntariado e, geralmente, os alunos passam o tempo dentro dos laboratórios da própria UFPR. De acordo com o professor Adriano Rodrigues de Moraes, essa é uma experiência engrandecedora para eles, que podem trabalhar em ambientes de pesquisa lado a lado com doutorandos e pós-doutorandos. Esse também é um diferencial para o Sept: a maior parte dos professores tem doutorado.

Experiência

O aluno Bruno Tibola Galdino, 19 anos, acabou de passar seis meses como estagiário da Petrobras por indicação de uma professora do curso. Bruno também entrou no curso em 2010, mas ainda não se formou porque cumpre dependência em Química 6.

"Meu ensino fundamental foi muito carente de conteúdo e de cobrança dos professores, mas felizmente segui o exemplo do meu irmão que tinha feito um curso técnico e hoje estou me formando. Agora quero tentar Engenharia Civil e continuar aplicando tudo o que já aprendi", conta.

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