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Com sala lotada, professora da Escola Estadual Cecília Meireles disputa espaço com as carteiras dos alunos em Curitiba | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Com sala lotada, professora da Escola Estadual Cecília Meireles disputa espaço com as carteiras dos alunos em Curitiba| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Gargalo

Falta de professores é recorrente

A superlotação não é o único problema enfrentado pelos diretores das escolas estaduais do Paraná. A falta de professores, principalmente por motivo de doença, tem prejudicado o aprendizado de estudantes que chegam a ficar semanas sem ter a disciplina prevista na grade curricular.

No Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa, de Curitiba, uma professora de Matemática se afastou por motivo de doença e, desde que as aulas recomeçaram, em 25 de julho, os alunos estavam sem a disciplina porque nenhum professor substituto foi contratado. Ela retornou há duas semanas e agora a escola está planejando como fazer a reposição das aulas. Na Escola Estadual Cecília Meireles, um professor de Educação Física ficou fora por quase dois meses: retornou apenas nesta semana. Nesse período, os alunos ficaram sem a disciplina.

O fechamento de algumas turmas nas escolas estaduais do Paraná tem deixado salas de aula superlotadas e professores e alunos descontentes com a queda na qualidade do ensino. Na última semana, três classes da Escola Estadual Cecília Meireles, em Curitiba, foram fechadas: uma do 5.º ano, outra do 7.º – ambas do ensino fundamental – e uma do 1.º ano do ensino médio. Os estudantes das turmas encerradas foram colocados em outras e as salas de aula ficaram lotadas.

"Aumentar ainda mais o número de alunos em sala é dificultar o trabalho do professor e colocar em xeque a qualidade do ensino", afirma uma educadora da escola que não quis ser identificada.

As salas de aula das escolas estaduais do Paraná costumam ter cerca de 35 alunos, mas, com o fechamento de algumas turmas, o total fica entre 40 e 45 alunos. A medida, além de antipedagógica, segundo profissionais da área, desrespeita a Resolução 318 da Vigilância Sanitária, que exige que o intervalo entre cada carteira seja de 1,2 metro quadrado (m²), ou seja, uma sala com 35 m² não poderia ter mais de 29 alunos.

Reportagem publicada em janeiro de 2008 na Gazeta do Povo mostrava que as escolas estaduais não cumpriam a resolução, contudo, na época, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) se comprometeu a resolver o problema ainda naquele ano. A Seed, desta vez, não quis se pronunciar sobre o assunto.

Protestos

Desde o mês passado, quando algumas turmas começaram a ser fechadas, alunos e professores têm protestado. Na última terça-feira, estudantes do Bairro Alto saíram às ruas para pedir o fim do fechamento das turmas. "Estão colocando duas salas em uma só. É desumano", afirma o estudante Darlan Baia, secretário-geral da União Paranaense dos Estudantes (UPE).

Em agosto, quando a medida começou a ser tomada, a Seed afirmou que orientou os chefes dos Núcleos Regionais de Educação a fazerem um levantamento para identificar o número de turmas, alunos e professores com o intuito de otimizar o espaço nos colégios e, assim, ampliar o contraturno. As turmas que tinham poucos alunos seriam fechadas. "Aqui no Cecília Meireles tínhamos uma turma pequena e concordamos com a junção, mas as outras duas turmas tinham quase 30 alunos cada", afirma a educadora.

Outras escolas estaduais, como a Algacyr Maeder, temem que algumas turmas da noite também sejam fechadas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) se posicionou contra a atitude da Seed e afirmou que tem conseguido reverter algumas situações. Segundo o APP, seriam cerca de 100 turmas fechadas no estado, mas até agora há o levantamento de seis que fecharam em Foz do Iguaçu.

A pedagoga Marilda Behrens lembra que o ideal seria existir turmas com 25 alunos. "Até 30 é aceitável, mais do que isso é impossível trabalhar com metodologias inovadoras, que exigem trabalho coletivo. O problema é ainda maior se o caso atingir o ensino fundamental", afirma.

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