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Obra de Domicio Pedroso | Divulgação/Solar do Rosário
Obra de Domicio Pedroso| Foto: Divulgação/Solar do Rosário

Fórmulas caseiras De trilho a regalia para prevenir

Para controlar os planos de fuga, várias medidas são tomadas pelos delegados. Em Cambé, foram colocados trilhos de trem no teto da carceragem. "Meio complicado de fugir, não é?", ironiza o delegado Valdir Abraão. As revistas nas celas são feitas a cada 15 dias. Nos últimos três anos, não houve fuga, apenas duas tentativas. Em Paranaguá, a cadeia não registra fuga há 14 meses. Conforme o delegado Valmir Soccio, as transferências são constantes. Como as celas estão localizadas junto ao plantão, os policiais têm mais condições de monitorar os detentos. Oferecer "regalias", diz o delegado de Jaguariaíva, Gumercindo Athayde, reduz a incidência de fugas. "Eu deixo os presos terem tevê nas celas e os banhos de sol são diários." Neste ano, nenhum dos 32 presos escapou da carceragem.

Ponta Grossa – Vinte e cinco fugas foram registradas em todo o Paraná desde o início do ano. A média é de uma ocorrência a cada três dias. No total, 179 detentos escaparam das cadeias públicas – algo como 2,3 por dia. Entre as fugas registradas, 21 foram em 17 unidades do interior, todas caracterizadas por carceragens precárias e superlotadas. Vinte por cento dos 155 foragidos do interior foram recapturados (não há dados sobre Curitiba e região), mas 124 ainda estão soltos nas ruas.

Para cada fuga, são abertos inquérito policial e procedimento administrativo para apurar se houve facilitação dos funcionários. O fato é comunicado à Secretaria de Estado de Segurança Pública, mas, conforme a assessoria de imprensa, não há estatística de fugas. Os números apresentados foram calculados com base nas informações prestadas nas cadeias.

A Divisão de Policiamento do Interior da Polícia Civil reconhece que a situação é preocupante. Segundo o delegado-chefe da Divisão de Policiamento do Interior, Luiz Alberto Cartaxo, as fugas, que eram mais comuns durante as festas de fim de ano, migraram para os meses de janeiro e fevereiro.

Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, cinco presos aproveitaram o barulho da queima de fogos da virada de ano para escapar. Na terça-feira de carnaval, mais cinco presidiários fugiram. No último dia 10, outros quatro detentos escaparam, enquanto um quinto preso foi surpreendido pela guarda externa e morto com um tiro na cabeça. Dos 14 foragidos, cinco foram recapturados. O presídio tem hoje 350 presos num espaço projetado para atender 180. O delegado-chefe da 13.ª Subdivisão Policial, Noel Muchinski da Motta, informa que após a seqüência de três fugas em três meses, a cadeia receberá reforço na segurança.

Nas delegacias de Toledo e Marechal Cândido Rondon, Região Oeste do estado, 32 detentos escaparam neste mês. Quinze foram recapturados, um morto em confronto com a polícia e outros 16 continuam em liberdade. A delegada de Marechal, Vera Lúcia Tapie, lembra que a cadeia, que está em situação precária, tem capacidade para 18 pessoas, mas tinha 70 até a última quarta-feira. A precariedade do prédio se repete em Toledo. O delegado-chefe Alexandre Macorin cita que o piso das celas está deteriorado. "A delegacia já recebeu mais de 40 pequenas obras justamente para tornar a unidade mais segura. Mesmo assim, uma fuga aconteceu neste mês", conta. A carceragem tem capacidade para 30 presos, mas está com 140.

Em Londrina, os quatro distritos policiais abrigam 600 presos em apenas 270 vagas. No 2.º DP, onde 11 presos escavaram um buraco e fugiram na última segunda-feira, já foram registradas 63 tentativas nos últimos nove meses. Há um mês, outros 11 detentos já haviam fugido. Na região, a situação é semelhante. Em Ibiporã, em janeiro, oito presos quebraram o cadeado da cela, serraram uma grade, renderam o investigador e fugiram no carro da própria polícia. Na cadeia de Rolândia, no mesmo mês, quatro presidiários escaparam pelo telhado. Dois foram recapturados.

Na região de Campo Mourão, Centro-Oeste, em dois meses, nove detentos fugiram. Em Goioerê, em fevereiro, quatro presos escaparam. O alarme da cerca elétrica disparou e alertou os policiais que evitaram a fuga em massa. Revoltados, os detentos iniciaram uma rebelião que deixou nove feridos. Ainda em Campo Mourão, na última terça-feira, quatro detentos abriram um buraco no teto da cela e escaparam.

Na região de Umuarama, fugas nas cadeias de Cruzeiro do Oeste, Altônia, Pérola, Guaíra e Alto Piquiri puseram nas ruas 42 detentos. Apenas 12 foram recapturados. A última fuga foi registrada em Guaíra, há 15 dias, quando 13 detentos escaparam. Cinco foram recapturados. O delegado Pedro Lucena diz que a maioria dos fugitivos se esconde no Paraguai ou volta para suas cidades de origem.

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