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O homem que está preso na delegacia de Matinhos, suspeito de balear e estuprar uma jovem de 23 anos e matar o namorado dela no Morro do Boi, em Caiobá, litoral do Paraná, passou mal na manhã desta quarta-feira (18) e teve de ser levado, escoltado por policiais, ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, na mesma cidade. O suspeito, que tem 32 anos, foi medicado e, por volta das 11h30, retornou à delegacia.

A polícia não informou o problema de saúde que o preso apresentou, mas é possível que esteja ligado à hepatite C, da qual ele é portador. Em relato exclusivo à Gazeta do Povo, publicado nesta quarta-feira, o irmão do suspeito disse que, por causa da doença infecciosa, o homem precisa de constantes cuidados médicos para evitar câncer no fígado. Por conta disso, o preso está separado dos demais detentos que estão na delegacia de Matinhos.

O suspeito foi preso na manhã de terça-feira (17), no balneário Santa Terezinha, no município de Pontal do Paraná, e teria sido reconhecido pela vítima. A polícia chegou até esse rapaz quando recebeu uma denúncia anônima, após a divulgação do retrato falado do assassino. Ele teve a prisão preventiva, de 30 dias, decretada pela Justiça.

O homem, conforme apuração da reportagem da Gazeta do Povo com investigadores, mora no bairro Uberaba, em Curitiba, e estava no litoral do Paraná em dezembro, para trabalhar, com previsão de ficar na praia até depois do Carnaval. Ele já esteve preso, entre 2005 e 2006, pelo crime de tráfico de drogas.

O suspeito contou aos delegados que no dia do crime do Morro do Boi estava em Pontal do Paraná, que não conhece o morro e nunca teria ido para Matinhos. O homem que está detido é solteiro, não tem filhos e é irmão de um policial civil de Curitiba, que estaria ajudando na investigação.

À reportagem, o policial elogiou o trabalho da polícia, mas disse ter certeza de que o irmão não é o assassino. "A menina se equivocou. Ele (o irmão) é parecido, mas não é ele. Ele não tem perfil e saúde para isso (cometer o crime)", contou.

Exame

No fim da tarde de terça-feira, um médico esteve na delegacia de Matinhos para coletar sangue do suspeito. Exames vão revelar se o sangue deste homem bate com o encontrado na camisa achada no morro, que, de acordo com a vítima, foi usada pelo criminoso.

O resultado do exame de sangue do suspeito deve sair nesta quarta-feira. A polícia só deve se pronunciar sobre o caso após o resultado deste e de outros exames, o que pode demorar até dez dias, ou se surgir algum indício da autoria.

A reportagem da Gazeta do Povo apurou com fontes ligadas diretamente à investigação que este suspeito não foi reconhecido por uma das testemunhas-chave ouvidas ontem pela polícia. O suspeito detido foi ouvido por quatro horas na última sexta-feira, e teria alegado inocência. O depoimento foi gravado e a filmagem foi vista pela jovem na segunda-feira. Ao ver as imagens e ouvir a voz do suspeito, conta o pai da vítima, ela reconheceu o assassino e chorou. O pai da jovem diz que não há dúvidas, porque a polícia trabalhou com várias fases de reconhecimento e, em todas elas, a jovem apontou para o mesmo homem.

A casa

A reportagem esteve ontem na casa onde o suspeito estava hospedado. É um sobrado alugado de três quartos, sala, cozinha e banheiro que fica na avenida principal do balneário de Santa Terezinha – cerca de uns 20 km do local do crime. Dentro do imóvel percebe-se a ação da polícia, que vistoriou até o forro da casa atrás de pistas do assassino – principalmente a arma calibre 38 usada no crime. Os investigadores contaram, no entanto, que a arma não foi achada.

Alguns moradores e comerciantes disseram, pedindo para não ter os nomes divulgados, que não acreditam que o homem detido é o assassino. "Ele era calmo e mesmo depois do crime parecia uma pessoa normal. Não se abalou com a repercussão. Só se é um assassino muito frio", disse um morador. Um rapaz que dividia a casa com o suspeito também acha que não é o criminoso. "Ele é muito parecido, mas acho que não é ele não". Este colega diz que o rapaz falava pouco e que o conhece há apenas duas semanas. "Ele saía cedo para trabalhar e voltava tarde", resume.

Jovem atacada

A jovem baleada e violentada permanece internada em um quarto no Hospital Vita, em Curitiba, com quadro estável de saúde. O pai dela disse novamente que ela mexeu devagar a ponta de um dos dedos do pé. "Acreditamos que ainda é reflexo dos movimentos, que não quer dizer que a medula está reagindo. Mas não perdemos as esperanças", disse.

Tragédia

O crime aconteceu na tarde do dia 31 de janeiro, quando a jovem e o namorado, Osíris Del Corso, estavam em uma trilha no Morro do Boi e tentava chegar à Praia dos Amores. No caminho, os dois foram atacados. A moça contou aos bombeiros que, chegando à gruta da praia, por volta das 17h30, o agressor tentou abusar sexualmente dela.

Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local, enquanto o agressor fugiu. Perto das 21 horas, segundo relatos da própria vítima aos bombeiros que a resgataram, o agressor voltou até o local do crime e a violentou. Os dois só foram localizados na tarde de domingo (1º). A jovem esperou por 18 horas na mata até ser resgatada.

Na semana passada, a Polícia Civil divulgou o retrato falado do homem que seira o autor do crime, feito com base nas conversas de policiais com a jovem.

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