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Índios da aldeia Araçá-í se despediram dos irmãos Jorge e Antônio Grando cantando músicas em Guarani | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Índios da aldeia Araçá-í se despediram dos irmãos Jorge e Antônio Grando cantando músicas em Guarani| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Dois homens foram interrogados pela polícia ontem por suspeita de participação na chacina que deixou cinco mortos em Piraquara, na Grande Curitiba, na última sexta-feira. Segundo a polícia, os suspeitos negaram qualquer participação no crime e foram liberados. O superintendente da delegacia de Piraquara, Marco Aurélio Furtado, preferiu manter em sigilo a identidade dos suspeitos, mas afirmou que eles são conhecidos de uma das vítimas. Um deles seria servidor municipal da prefeitura de Pi­­nhais, cidade vizinha a Pira­quara, e o outro mecânico.Furtado informou que as suspeitas de latrocínio (roubo seguido de morte) e vingança, divulgadas anteriormente, ainda não estão descartadas. Ele informou que quatro equipes de investigação estão atuando no caso, duas destinadas pela Divisão de Polícia Metropolitana.

A chacina ocorreu na chácara do ambientalista e ex-secretário de Meio Ambiente de Pinhais Jorge Roberto Carvalho Grando, 53 anos, e de seu irmão, Antônio Luís Carvalho Grando, 46 anos, que estão entre os mortos. O sepultamento deles ocorreu ontem, em Piraquara. Cerca de 150 pessoas, entre familiares, colegas de trabalho e membros de ONGs ambientais, causa pela qual Jorge Grando militava, presenciaram o enterro. Índios da aldeia Araçá-í cantaram músicas em Guarani em homenagem ao ambientalista. Jorge cedeu 18 alqueires de sua propriedade para instalação da aldeia, onde vivem cerca de 17 famílias.

Ana Cândida, irmã de Jorge e Antônio, contou que o ex-secretário vinha se dedicando a um trabalho de recuperação de dependentes químicos junto com o agente penitenciário Valdir Vicente Lopes, 49 anos, que também foi assassinado.

De acordo com a afilhada de Jorge, Marília Lucca, a vida dele foi dedicada "24 horas por dia" às causas sociais. Recentemente, havia promovido campanhas para vítimas das enchentes no litoral do estado e estava preocupado com o assoreamento dos rios. De acordo com Marília, o computador da chácara foi roubado, mas vários outros pertences de valor não foram retirados do local.

O presidente da Associação Paranaense de Preservação Ambiental do Rio Iguaçu e Serra do Mar (Appam), Irineu Nogueira, ONG criada por Jorge Grando, ressaltou que o amigo era um "realizador". "Ele formou muitos cidadãos. Antes de conhecê-lo, nunca tinha plantado um pé de alface. Quando vi, estava inserido no meio de tudo".

Ontem também foi enterrado o corpo de Albino Eliseu da Silva, 39 anos, funcionário da Sanepar, em São Leopoldo (RS). Outra vítima, o empresário Gilmar Reinert, foi sepultado em Curitiba, no domingo. Já a família de Lopes aguarda autorização judicial para cremar o corpo dele.

As prefeituras de Piraquara e Pinhais decretaram luto oficial de dois dias. Em nota, o secretário de estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jonel Iurk, lamentou as mortes e enfatizou a atuação de Jorge em defesa das causas ambientais no país.

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