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Os gases emitidos pelos veículos são um dos principais focos de poluição nas grandes cidades | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Os gases emitidos pelos veículos são um dos principais focos de poluição nas grandes cidades| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Riscos

Poluição pode causar doenças respiratórias e enfarte

Na fumaça que sai dos escapes dos automóveis há poluentes como o monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx) e de enxofre (SOx), além do dióxido de carbono (CO2), que é nocivo ao efeito estufa. Altamente prejudicial à saúde humana, eles podem desencadear uma série de doenças.

"Eles podem causar doenças respiratórias, como a bronquite. Além disso, pessoas expostas cronicamente ou aquelas já suscetíveis podem desenvolver enfarte agudo do miocárdio", diz Ricardo Martins, pneumologista da Universidade Nacional de Brasília. Ele explica como um dos principais poluentes dos automóveis age no organismo. "O monóxido de carbono compete com oxigênio pela hemoglobina e ele tem maior afinidade com ela. Por isso, acabamos respirando um ar mais contaminado."

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os poluentes automotivos também causam danos à vegetação natural e colheitas, contaminação do solo e formação de chuva ácida. A saída para tanto prejuízo, segundo Martins, vai além da inspeção veicular.

"É preciso que os governos tomem medidas preventivas, como o incentivo à carona solidária, ao transporte coletivo e ao uso de bicicletas. Já as pessoas precisam se perguntar se o carro é tão necessário para alguns deslocamentos e buscar sempre a opção mais saudável." (RM)

Monitoramento

Qualidade do ar na Grande Curitiba é classificada como boa

O ar da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é medido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) desde 1995, mas foi a partir do mês passado que essa análise passou a ser diária. A medição, realizada em Curitiba, Araucária e Colombo, constatou que o ar da região é "bom" na maior parte do tempo e está dentro dos padrões de qualidade estabelecidos pela legislação brasileira.

No total são 12 estações de monitoramento – sendo oito automatizadas e quatro manuais. Para medir as condições atmosféricas, o IAP se baseia na Resolução 03/90 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece, por exemplo, em 160 microgramas por metro cúbico (µg/m3) o índice médio recomendado para exposição ao ozônio no período de uma hora.

Desde 2005, no entanto, a ONU fixou padrões mais rigorosos para a exposição a este e outros elementos. É o caso do próprio ozônio, cuja tolerância baixou para 100 µg/m3. Apesar disso, Luiz Tarcísio Mossato Pinto, presidente do IAP, vê a inspeção veicular como uma medida preventiva. "Estamos adotando a inspeção antes que aconteçam coisas mais graves", afirma.

Curitiba é a capital brasileira com maior número de carros por pessoa (0,72 veículo por habitante). Por isso, a química Adalgiza Fornaro, da USP, não acredita que o ar curitibano seja tão bom. "A condição do ar está associada à meteorológica e Curitiba tem a vantagem de ter um inverno úmido. Além disso, ainda não existe no país padrão de qualidade do ar", afirma. (RM)

A inspeção veicular no Pa­­raná custará mais do que a de São Paulo, onde o ar é mais poluído e a frota é cinco vezes maior (7,2 milhões, ante 1,2 milhão). Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), os proprietários de veículos registrados em solo paranaense terão de arcar com uma taxa entre R$ 70 e R$ 79 para aferição da emissão de gases, enquanto na capital paulista esse valor é de R$ 44,36. A avaliação dos níveis de poluentes começará em 2013 na Região Metropolitana de­­ Curitiba (RMC), passando para toda a frota do estado até 2018, conforme prevê o Plano de Controle de Poluição Veicular, do Ministério do Meio Ambiente. O edital para escolha das empresas que vão explorar o serviço deve ser aberto até a próxima semana.

Os veículos movidos a diesel, por serem mais poluentes, serão os primeiros a se submeterem à inspeção obrigatória. Em seguida, o processo será estendido aos movidos a gasolina e depois aos que funcionam com etanol, incluindo os modelos híbridos (flex). O licenciamento anual do veículo ficará condicionado à inspeção veicular.

Luiz Tarcísio Mossato Pin­­to, presidente do IAP, explica que o edital será dividido em cinco lotes regionais, de forma a garantir viabilidade financeira para cada um. "Os lotes serão praticamente todos iguais, com pouca diferença na quantidade de veículos e não haverá acúmulo de regiões por empresa", afirma. Segundo Mossato Pinto, os recursos obtidos com a nova taxa serão destinados a ações de fiscalização ambiental do IAP. Ainda não está definido quanto será repassado ao estado e quanto ficará com a empresa.

Fim do prazo

Os estados tinham até o ano passado para entregar seus planos ao Ministério do Meio Ambiente e até o último mês de abril para decidir pela adesão ao programa de inspeção. O órgão informou que 25 estados fizeram a adesão, mas não soube precisar quais não aderiram.

Pioneiro, o estado do Rio de Janeiro iniciou sua inspeção veicular em 1998. Lá, a avaliação custa R$ 96,22, mas o valor pode ser parcelado em até três vezes. Já em São Paulo, onde a inspeção teve início em 2008, o valor é R$ 44,36.

Após a adoção da inspe­­ção veicular obrigatória em São Paulo, oficinas paulistas criaram o serviço de pré-inspeção com o objetivo de atrair clientes que não querem perder tempo entre idas e vindas aos postos da Controlar. O serviço custa em média R$ 80, mesmo valor que deverá ser adotado pelas oficinas paranaenses, segundo o Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Paraná.

Apesar de controversa, a inspeção veicular é vista por especialistas como uma importante aliada no combate à poluição atmosférica. "A legislação de controle industrial é muito mais restritiva do que a dos automóveis em relação à emissão de poluentes e experiências internacionais [de inspeção veicular] apontam bons resultados", diz Tiago Luís Haus, coordenador do curso de En­­genharia Ambiental do Centro Universitário FAE.

Opinião que é endossada por Adalgiza Fornaro, do­­cente do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geo­­física e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. "Os carros respondem por mais de 90% da poluição em áreas urbanas e a inspeção veicular é muito importante para minimizar os efeitos disso na população", afirma.

Estudo mostra ar impregnado de poluentes finos

Um estudo coordenado­­ por­­ pesquisadores da Uni­­versidade de São Paulo (USP) e divulgado em 2010 revelou que o ar curitibano é o que apresenta a segunda menor concentração de material particulado (PM2,5) dentre as seis capitais brasileiras analisadas.

Na frente de Curitiba, que apresentou concentrações de 13,3 microgramas por metro cúbico (µg/m3) no verão e 18,1 µg/m3 no inverno, apenas a capital pernambucana tem menor concentração (10,5 µg/m3 no verão e 12,5 µg/m3 no inverno).

Segundo Adalgiza Fornaro, do­­cente do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP e que participou do estudo, o PM 2,5 é o material que atinge a situação mais profunda na atmosfera e ainda não é fruto de medição dos institutos ambientais brasileiros.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), por exemplo, detecta a concentração de PM10, mais denso do que o PM2,5, que é formado por um núcleo de carbono ao qual estão associados substâncias como metais, sais de nitrogênio, enxofre e cloro.

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