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Possibilidades

Carros em prateleiras

Em Budapeste, na capital da Hungria, um estacionamento totalmente automatizado chama atenção de quem visita a cidade. O motorista entra por um túnel, que leva para a vaga subterrânea. Ao estacionar o veículo, ele recebe uma ficha por uma máquina que já inicia o processo de organização dos carros. Como se fossem gavetas gigantes, os carros vão sendo organizados por plataformas automáticas e guardados de forma que fiquem em espaços exclusivos. Para sair, é só inserir a ficha na máquina para que o veículo volte ao local onde foi deixado. A possibilidade abre espaço para circulação nas ruas da cidade. De acordo com a especialista em trânsito Maria Amélia Marques Franco, da empresa Perkons, a tendência é de que em cidades com trânsito saturado os condutores paguem uma taxa pelo uso da via e que os estacionamentos sejam cada vez mais caros. "É como uma medida de desestímulo e uma forma de investir no transporte público", explica ela. Na avaliação dos especialistas ouvidos pela reportagem, essa opção é a mais distante da população local.

Google Maps

No inicio deste mês, uma atualização do Google Maps foi lançada pela gigante da internet. O app pode ser usado em iPhones e celulares com sistema android. O objetivo é informar aos motoristas sobre trajetos melhores. Em caso de congestionamento, por exemplo, o aplicativo avisa o usuário sobre um caminho menos movimentado e até mesmo qual será o tempo economizado com a mudança de rota. Para a especialista em trânsito da empresa Perkons, Maria Amélia Marques Franco, os aplicativos ajudam na mobilidade e podem estimular a opção por outros modos de transportes que mostrem ser mais rápidos. Apesar disso, ela acredita que não são soluções efetivas para a melhoria do trânsito.

Vanet

Em Los Angeles os motoristas também tem a ajuda do Vanet (Veicular Ad Hoc Network), pontos de acessos fixos (diferentes do microcóptero) que fornecem uma comunicação via internet. Os carros formam uma "rede social" para trocar informações. "Houve uma queda de 70% dos acidentes de trânsito na cidade com o Vanet", afirma o professor Jó Ueyama, que esteve recentemente na cidade para apresentar o microcóptero em uma universidade. Essa alternativa também tem sido levada em consideração por especialistas de Curitiba. Contudo, como o número de automóveis com a disponibilidade wi-fi ainda é pequeno, as informações da rede poderiam ser distribuídas por smartphones.

Sensores

Nas cidades norte-americanas de Los Angeles e São Francisco é comum verificar em estacionamentos de rua sensores para informar aos motoristas sobre as vagas disponíveis ou ocupadas. O dispositivo tem mostrado eficiência para diminuir a quantidade de carros esperando para estacionar nas ruas das cidades. Todo o sistema está ligado a uma central que fornece as informações por um site ou aplicativos para telefones celulares. Na avaliação do coordenador de fiscalização eletrônica da Setran, Márcio Geferson de Souza, a ideia de usar sensores é interessante e tem sido levada em consideração na comissão que analisa novas tecnologias. "Gostaríamos de mesclar ideias para aplicá-las", conta. Esses sensores já estão disponíveis em shoppings de Curitiba (investimento privado), que alertam com painéis na entrada dos corredores quantas vagas estão disponíveis.

Encontrar espaço entre os 1,4 milhão de veículos que rodam nos 4,5 mil quilômetros de ruas em Curitiba tem se tornado uma tarefa cada vez mais difícil. A busca por alternativas que deixem a vida sobre o asfalto menos tortuosa é trabalho para uma comissão da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran). Estudiosos de universidades do Paraná e agentes públicos têm se debruçado desde setembro do ano passado sobre uma mesa de reuniões cheia de propostas para analisar como o município pode sair do congestionamento.

INFOGRÁFICO: Veja como funciona o microcóptero

O maior desafio é promover mudanças concretas no dia-a-dia. Segundo o coordenador de fiscalização eletrônica da Setran, Márcio Geferson de Souza, o grupo apresentará, em 90 dias, um panorama do que já foi avaliado. Não há um prazo estabelecido para conclusões e a proposta da equipe é manter uma rotina de análise permanente sobre o que há de novidade tecnológica aplicada no trânsito.

Em consequência disso, a reportagem selecionou cinco opções (veja os textos ao lado) que têm sido usadas e analisadas mundo afora no controle de tráfego. Uma das ideias é o Microcóptero, invento de Jó Ueyama, professor Departamento de Sistemas de Computação da Universidade de São Paulo (USP-Campus São Carlos). O aparelho é um veículo aéreo não tripulado (vant) de pequeno porte feito para monitorar o trânsito e até ser usados em áreas de enchentes e regiões de difícil acesso.

"Ele pode ter várias aplicações. No caso do trânsito, ele capta o que está ocorrendo na frente e pode transmitir para os veículos de trás ou até enviar os dados para outra rodovia", explica Ueyama. Isso faria, por exemplo, com que motoristas diminuíssem a velocidade assim que soubessem de um acidente adiante.

Segundo o professor, o microcóptero usa um padrão de transmissão ainda não difundido no Brasil, devido a pouca quantidade de carros fabricados com a opção de internet. Os fabricantes dos Estados Unidos, por exemplo, deverão vender todos os seus veículos obrigatoriamente com o mecanismo de recepção wi-fi até o fim do ano que vem. O microcóptero custou US$ 5 mil para ser construído pelo pesquisador, mas para o mercado comum custaria R$ 20 mil para fabricá-lo.

Em Curitiba, um carro parado em local estratégico pode substituir o microcóptero. A ideia ainda está em fase de análise.

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