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O vendaval e a tempestade que atingiram o litoral do Paraná na noite da terça-feira e na madrugada de ontem provocaram o destelhamento de 112 casas em Matinhos, o alagamento de diversos bairros e balneários do município (inclusive Caiobá) e deixaram duas crianças feridas. Segundo a Defesa Civil Municipal, 32 famílias ficaram desabrigadas e tiveram de passar a noite em um abrigo improvisado. Além disso, cerca de 3,5 mil domicílios tiveram a energia elétrica interrompida até o fim da tarde.

Quatorze árvores caíram devido à força do vento. Três delas chegaram a atingir e a destruir casas. Em uma delas, duas meninas, de nove e três anos, ficaram feridas na cabeça e foram socorridas no Pronto-socorro da Santa Casa de Paranaguá. Depois do susto, elas receberam alta. Placas de publicidade, toldos de lojas e parte da cobertura de postos de gasolina também foram arrancados pelo vento.

O Corpo de Bombeiros ainda informou que Guaratuba e Pontal do Paraná tiveram casas atingidas, mas em quantidade menor do que em Matinhos. Na Ilha do Mel, o mar revolto arremessou dois barcos contra rochedos, na região de Encantadas. Havia ainda a suspeita de que uma embarcação pesqueira tivesse sumido na costa paranaense por causa da tempestade.

O Instituto Tecnológico Simepar informou que, durante o temporal, foram registradas rajadas de vento de até 70 quilômetros por hora, na estação de monitoramento meteorológico de Guaratuba. O volume de chuva que caiu durante a noite e a madrugada (72 mm) foi praticamente igual ao historicamente registrado durante o mês inteiro (75 mm).

O comandante do Corpo de Bombeiros no litoral, major Luiz Henrique Pombo do Nascimento, disse que, especificamente no caso de Matinhos – o município mais atingido – aconteceu um fenômeno meteorológico incomum: a conjugação, no mesmo período, de chuva intensa, vento forte e maré alta. "Desde 85 eu estou aqui (no litoral) e não me lembro disso ter ocorrido", afirmou ele. A maré alta, explicou o comandante, impediu que os rios desaguassem no mar. Represados, eles alagaram a cidade.

Ainda durante a manhã de ontem, porém, os rios voltaram ao curso original e o alagamento acabou. A chuva também deu uma trégua e a maioria dos moradores que estavam desabrigados pôde voltar para casa. Devido aos estragos causados pelo vendaval, a prefeitura de Matinhos decretou estado de emergência. Ontem, a Defesa Civil Municipal começou a distribuir lonas para os donos de casas destelhadas.

A cozinheira Brandina da Cruz, moradora de Matinhos, contou que o temporal começou por volta das 22h30 da noite de terça e continuou muito forte até pelo menos as 4 horas da madrugada de ontem. "O vento balançava todo o telhado. Fiquei muito assustada." Telhas de sua casa se soltaram e choveu dentro da residência, molhando móveis e eletrodomésticos.

Pior sorte tiveram a dona de casa Geni dos Santos Vicente e seu marido, o mestre de obras Wilson Becker. Uma árvore ficou comprometida devido ao vendaval e ameaçava cair sobre a residência do casal e de outros dois vizinhos. Os bombeiros, durante o corte da árvore, um guapuruvu com cerca de 15 metros, tentaram puxar o tronco, amarrado com corda a uma retroescavadeira, para um espaço no meio das residências. Na operação, porém, a árvore virou e caiu sobre a casa de madeira de Geni e de Wilson, destruindo-a.

Os dois, juntamente com um casal de filhos, haviam se mudado para a casa havia apenas três meses. "O que a gente vai fazer?", questionava o mestre de obras, emocionado. "Quem vai me dar uma casa nova?" A prefeitura de Matinhos, porém, se comprometeu a doar material de construção à família, disse o diretor da Defesa Civil Municipal, major Alaor Kos.

A apenas 500 metros de distância, outra casa foi atingida por um guapuruvu que caiu. Todo o telhado ficou destruído. Um galho caiu sobre a laje da garagem e abriu um buraco. Rachaduras nas paredes apareceram devido ao impacto. Não havia ninguém na casa durante a queda. A proprietária da residência, Neusa Ogmibem, e o esposo estavam em Curitiba. "Meu marido até pediu para que cortassem a árvore, mas eu nunca imaginei que ela podia cair", disse Neusa.

* Serviço: Pessoas interessadas em fazer doações para as famílias atingidas podem obter mais informações pelo telefone (41) 3452-8015.

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