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Jardim Romano, na zona leste de São Paulo: cidade foi invadida pelas águas mais uma vez ontem | Valéria Gonçalvez/AE
Jardim Romano, na zona leste de São Paulo: cidade foi invadida pelas águas mais uma vez ontem| Foto: Valéria Gonçalvez/AE

Prefeito culpa ocupação

Folhapress

São Paulo - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), voltou a culpar as chuvas "em excesso" por mais um dia de caos. Mas, dessa vez, admitiu que a ocupação e o crescimento desordenados da cidade contribuem para agravar a situação. A declaração foi dada pela manhã na sede da Companhia de En­­genharia de Tráfego (CET), na região central.

Após a entrevista, Kassab foi para o Grajaú (zona sul), uma das regiões mais afetadas pela chuva e onde três pessoas morreram soterradas. Foi vaiado por moradores que acompanhavam o trabalho de resgate. No último dia 8, ele já havia sido hostilizado por moradores do Jardim Pantanal, na zona leste, bairro que tem sido constantemente alagado pelas chuvas.

Pela manhã, Kassab defendeu os investimentos que sua gestão tem feito em obras de drenagem, mas admitiu que muita coisa ainda precisa ser feita. Em áreas de risco, disse que "milhares e milhares de famílias" foram atendidas nos últimos cinco anos e que a prefeitura contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para fazer novo mapa de risco.

São Paulo - A chuva causou a morte de nove pessoas na capital e na região metropolitana de São Paulo, sete das quais em razão de deslizamentos de terra. Entre os mortos estão duas crianças e uma adolescente. Duas das vítimas eram irmãs – Ana Lídia, 8 anos, e Ana Maria de Olivei­ra Santos, 14 anos. Elas estavam em uma casa soterrada por um barranco que desmoronou ontem de manhã no bairro Santo Bertoldo, em Ribeirão Pires. A mãe delas, Analice de Oliveira Moreira dos Santos, 36 anos, estava desaparecida nos escombros até o início da noite de ontem. Um soterramento também matou Rosângela, 9 anos, no Gra­jaú (zona sul de SP). Os pais dela, Nivaldo de Oliveira, 37 anos, e Maria das Neves Cardoso, 33 anos, foram achados mortos 12 horas depois.

A casa onde os três estavam veio abaixo, atingida pela vegetação cerrada e por camadas superficiais de pedras de um morro íngreme. Quatro pessoas que moravam no segundo andar foram resgatadas sem ferimentos graves, entre os quais o irmão de Rosângela. "Estava tudo escuro, eu pensei que era só uma árvore que tinha caído", conta a doméstica Adriana Sobral da Silva, vizinha do imóvel.

Por volta das 3 horas, Adriana ouviu "um barulho muito alto de madeira quebrando" e acordou sobressaltada. Foi até a porta e gritou pelos vizinhos, sem saber o que havia acontecido.

Logo ouviram-se pedidos de socorro. "A gente pegou umas pás e enxadas e começou a cavar na direção dos gritos", lembra. Os moradores do andar de cima foram resgatados com vida, mas os do andar inferior, que sofreu o baque da queda da laje, ainda estavam desaparecidos. Por volta das 16 horas, um bombeiro deu a notícia que todos esperavam, mas não queriam acreditar. O casal fora encontrado morto.

Aviso

Morador de uma área de risco no Jardim Santo André, em Santo André (ABC), o aposentado Antonio Soares Ribeiro, 46 anos, morreu quando a encosta onde estava a sua casa desmoronou. Com medo de que o acidente ocorresse, duas filhas da vítima chegaram a ir à casa do aposentado avisá-lo do perigo, segundo Manoel Ribeiro dos Santos, 46 anos, primo da vítima. Ribeiro, no entanto, não quis sair, afirmou.

Em Mauá, também no ABC, a recicladora Edinólia Alves da Silva, 33 anos, morreu soterrada. O filho dela, Júlio César Durval, um ano e oito meses, sobreviveu graças à sua chupeta. Ele dormia na cama com os pais, quando a terra cobriu o seu corpo da cintura para cima.

"Quando o levamos para o hospital, o médico disse que foi a chupeta que salvou meu neto da morte, porque impediu que ele engolisse a terra’’, disse Sônia Alves da Cruz, 52 anos, a avó.

Em Perdizes (zona oeste), o aposentado Roberto Fazzio, 70 anos, foi encontrado morto após a casa dele desabar. O imóvel ficava no sopé de um terreno em declive.

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