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Granizo destruiu telhados no interior do estado: cuidado na escolha do tipo de material de construção | Fotos: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Granizo destruiu telhados no interior do estado: cuidado na escolha do tipo de material de construção| Foto: Fotos: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Destruição

Os últimos eventos climáticos testaram a qualidade dos imóveis.

15 de outubro - Mais de 3,1 mil casas foram dani­ficadas pela tempestade e pelos fortes ventos que atingiram várias regiões do Paraná. 32 municípios registra­ram algum dano. Uma pessoa morreu.

12 de outubro - Na madrugada do dia 12, os ventos fortes e a chuv a em Pitanga, na região Central do Paraná, arrancaram telhados de cerca de 50 residências e derrubaram mais de 30 árvores.

11 de outubro - Ventos fortes de 74 km/h causaram estragos em Santa Maria (RS). Parte do telhado de uma escola municipal foi arrancada.

6 de outubro - Uma série de temporais, com ventanias e tempestades de granizo, provocou transtornos no Rio Grande do Sul. Mil casas tiveram seus telhados danificados..

27 de setembro - Na Região Sul, 148.192 pessoas foram atingidas pela chuva. Nos três estados, 67 cidades estavam em situação de emergência.

  • Manutenção no imóvel é essencial para evitar danos com alagamentos e enchentes
  • Entenda o que pode ser feito para evitar danos nas casas

Obra projetada por profissional competente, manutenção periódica e localização segura são os itens que dividem as casas que não serão danificadas em caso de vendaval, chuva forte ou tempestade das que acabarão sendo atingidas. Há três dias, por exemplo, mais de 3,1 mil casas em 32 municípios do Paraná foram danificadas por tempestades e ventos que chegaram a 100 km/h em algumas regiões. Diante da constatação de que esses fenômenos climáticos serão cada vez mais comuns, fica a dúvida se nossas casas são ou não seguras.

Quem mora num imóvel projetado e construído por profissionais capacitados, dentro das normas técnicas, não precisa se preocupar, dizem os especialistas. O temor é para os moradores de residências construídas sem planejamento, com material de baixa qualidade e em locais de risco, como próximo a rios e morros.

O mestre em Arquitetura Charles Pizzato, professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), analisou em 2004 os efeitos do ciclone Catarina na cidade de Torres e verificou que construções sem planejamento técnico foram as mais afetadas. Ele constatou que nestas casas a qualidade da execução da obra era baixa; não era usado o tipo de parafuso correto para prender as telhas, nem a quantidade adequada; e o tipo de telha era o mais simples.

"Não que se vá construir da­­qui para frente no Brasil casas prevendo esse tipo de situação (ciclone). Acho que não cabe num país como o nosso, de tantas outras necessidades. O que se cabe é que se façam construções para baixa renda visando à qualidade", afirma Pizzato.

O vice-presidente administrativo adjunto do Instituto de Enge­nha­­ria do Paraná (IEP), José Rodol­fo de Lacerda, explica que toda obra de qualidade tem de apresentar quatro requisitos: funcionalidade, economia, beleza e segurança. Ele aponta que construção se­­gura é aquela feita dentro das normas técnicas, que contemplam os eventos climáticos adversos.

Segundo o engenheiro, as casas destruídas pelos sinistros são as que não seguiram as normas. "Não era para acontecer [a destruição]", diz. "Geralmente são casas populares. Aí o sujeito acha que esse negócio de entregar para engenheiro vai encarecer. O projeto ainda é a etapa mais barata e bom projeto resulta em boa obra."

Manutenção

Outro ponto fundamental para a segurança da casa é a manutenção, que tem de ser feita pelo menos uma vez a cada seis meses, de acordo com Lacerda. Deve-se analisar as calhas e os condutores, para ver se não estão entupidos, bem como a parte elétrica, para levantar se os circuitos feitos aguentam a demanda dos aparelhos elétricos.

Segundo o coordenador da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi) de Curitiba, Hermes Peyerl, geralmente as casas danificadas por fenômenos climáticos não tiveram manutenção. "Ocorre muito alagamento de forro e de lajes superiores em função dos entupimentos de calhas, telhas sujas. A questão de esgoto acaba acarretando problemas. Se tomassem alguma atitude prévia, isso poderia ser evitado."

As ocorrências mais comuns na capital são após vendavais, enchentes, desmoronamentos de encostas e granizo. Segundo Peyerl, a grande maioria das situações ocorre em locais de ocupação irregular.

Localização

Eduardo Dell’Avanzi, vice-chefe do departamento de Cons­trução Civil da UFPR, verifica que muitas casas atingidas por deslizamentos de terra tinham problemas de localização. Ele esteve no ano passado no Morro do Baú, região mais afetada de Santa Catarina no desastre que matou 137 pessoas no estado, em novembro de 2008. O professor observou residências danificadas porque ficaram próximas ao rio e aos morros. "O local da obra que não era apropriado. Não que houvesse problema na construção da casa."

Segundo ele, a construção em encosta é cara porque ne­­cessita de obras de reparação. Com relação aos demais locais, o professor orienta que o primeiro passo é contratar um engenheiro civil, que irá planejar a obra. O projeto da casa tem de ser bem executado, com uma fundação competente. "Isso tudo gera custos, mas o resultado acaba sendo vantajoso porque não vai ter dor de cabeça tendo de recuperar trincas ou reforçar estrutura."

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