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O conceito ainda não é consagrado, mas o neologismo criado pelo escritor Mário Prata a respeito da fase de vida entre os 45 e 65 anos, batizada de envelhescência, encontra eco nas avaliações de modus operandi do idoso ativo, feitas por especialistas. O período fica entre a maturidade e a velhice e é caracterizado pela mudança de hábitos, comportamentos e até aspectos físicos de quem está vendo os anos avançarem. Guarda semelhanças com a adolescência, em diversas questões, em especial quanto à ansiedade de saber sobre o futuro.

Para o médico geriatra João Carlos Baracho, de Curitiba, o envelhecente vive a expectativa de algo ainda desconhecido – a velhice – ao mesmo tempo em que encara diferentes limitações impostas pela passagem do tempo. Perdas cognitivas, físicas, emocionais e afetivas contribuem para a construção de um novo ritmo de vida, que pode ser positivo ou não. "A adaptação para essa nova fase pode ser mais assustadora para quem rejeita o processo de envelhecimento", observa.

Assim como na puberdade, o envelhecente rebelde pode adotar posturas de risco, assumindo estereótipos que colocam a saúde física e mental em perigo. "A idade do lobo e da loba, em que o exercício da sexualidade ultrapassa limites saudáveis, o abuso de álcool, estimulantes e uso de recursos estéticos sem controle são alguns exemplos", cita Bara­cho. O médico lembra que a en­­velhescência não precisa ser necessariamente negativa. "A jovialidade é fundamental para superar a fase de mudança. E essa energia precisa ser canalizada para um autodesenvolvimento sadio", explica.

Resgatar sonhos da juventude e buscar novas aptidões e talentos podem ser bons recursos para ajudar a superar possíveis angústias do envelhecimento. "A velhice não pode ser uma condenação. E com o aumento da longevidade, é melhor que seja encarada como uma parte importante e saudável da existência. Por isso, projetos de vida são fundamentais", explica. Nesse momento, o apoio da família também é importante. Com papéis difusos, pais e filhos trocam de posição, e é comum o idoso não saber como se portar diante da rotina doméstica ou da dinâmica da casa. "Em alguns casos, o velho é tomado como caduco e gagá, mas na hora de dar suporte financeiro ao orçamento familiar ou assumir os cuidados do neto para os pais fazerem programas particulares, ele é perfeitamente capaz", diz.

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