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Agricultores sem-terra pediram justiça no julgamento de Marcos Prochet | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Agricultores sem-terra pediram justiça no julgamento de Marcos Prochet| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

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Parentes de sem-terra e do réu pedem por justiça

As famílias da vítima e do réu acompanharam de perto o julgamento. Os dois lados pediram por "justiça", cada um com seus argumentos. Segundo o filho de Sebastião Camargo, César Ventura Camargo, a morte de seu pai deixou a família "desmontada" até hoje. Sebastião deixou nove filhos e uma esposa. "Até hoje a família sente", comentou. Os familiares da vítima permaneceram sentados nas fileiras da frente da plateia do júri.

Já os filhos de Marcos Prochet caminhavam ansiosos. Por vezes, permaneciam por mais tempo, aguardando o destino de seu pai. No intervalo do julgamento, eles conversaram com a reportagem e voltaram a falar que estavam junto com o pai durante o período que o crime teria ocorrido. "Qual a lógica de fazer isso [matar a vítima] na fazenda de outra pessoa, se não fez nada quando a dele própria foi invadida", afirmou Norman Prochet, filho do réu.

O veredito de um dos julgamentos mais importantes da história do conflito agrário do Paraná seria dado ontem à noite, na 2.ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba. Até o fechamento desta edição não havia informação sobre o desfecho do julgamento do ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Marcos Prochet, 54 anos, acusado pelo assassinato do agricultor sem-terra Sebastião Camargo, no município de Marilena, Noroeste do estado, em 7 de fevereiro de 1998. Por volta das 21 horas de ontem, o Ministério Público (MP) e defesa ainda realizavam os debates finais e não se sabia se o réu seria condenado ou absolvido.

O julgamento começou por volta das 13 horas, presidido pelo juiz Leonardo Bechara Stancioli e assistido por sete jurados. Com salão de audiência lotado por sem-terra, o advogado de defesa Roberto Brzezinski Neto pediu o adiamento do julgamento em razão de três testemunhas, arroladas em caráter de imprescindibilidade, não terem sido intimadas. Mas o magistrado indeferiu o pedido.

Em seguida, duas testemunhas de defesa foram ouvidas. Um deles era o vigia da rua em que Prochet morava em Londrina. O outro, um ex-funcionário do fazendeiro. Os dois reforçaram o álibi apresentado pelo ex-presidente da UDR, de que esteve em Londrina desde a noite do dia 6 e durante toda manhã do 7 de fevereiro daquele ano, período em que houve a execução. Em seguida, o próprio Prochet foi interrogado.

Durante os questionamentos do juiz, ele ressaltou que não esteve no local do crime, pois estaria cuidando de seus três filhos. "Eu estava em Londrina há dias por causa de um problema de saúde da minha mulher", disse. O ruralista alegou ainda que, na noite do dia 6, foi no ginásio Moringão, com seus filhos, e, na manhã seguinte, foi buscar a esposa que havia viajado para tentar um internamento em São Paulo, após um quadro de depressão, síndrome do pânico e anorexia.

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