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Quando soube que João Victor estava a caminho, Ana Paula optou por tratar o cabelo de forma natural | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Quando soube que João Victor estava a caminho, Ana Paula optou por tratar o cabelo de forma natural| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

ALTERNATIVA

"Fiz o que achei ser o melhor para meu filho"

FOZ DO IGUAÇU - Fabiula Wurmeister, da sucursal

Vaidosa, a administradora Ana Paula Freitas, 34 anos, pinta os cabelos desde a adolescência. Só ficou sem mudar radicalmente a aparência assim que soube da gravidez do primeiro filho, João Victor, hoje com 11 meses. "Desde cedo fui assim, meio camaleoa, gostava de pintar, mudar o corte do cabelo sempre. Mas, durante a gestação, fiz o que achei ser o melhor para o meu filho. E, tive que me virar com os tratamentos menos agressivos", conta.

Na época, ela havia feito uma coloração do tipo californiana, por meio da qual apenas as pontas e parte do cabelo são pintadas, sem alterar as raízes. "Assim o meu cabelo foi crescendo sem tanta necessidade de retoque", explica. No mesmo mês, os cabelos cacheados também haviam passado por uma escova progressiva, procedimento ainda mais agressivo que a tintura. "Deixei tudo de lado e comecei a fazer tudo o que era mais natural, muitas vezes em casa mesmo, com uma escova ou hidratando."

Amamentação

Preocupada com a amamentação, Ana Paula optou por pintar os cabelos depois de quase um ano e meio. "No salão, me diziam que não tinha problema algum a partir dos três meses de gravidez, período mais crítico para o bebê. Mas, não foi nenhum sacrifício. A gente vai se adaptando. Faria tudo de novo", destaca. Em breve ela pretende ser mãe de novo e promete repetir os cuidados. "Com criança pequena, o melhor mesmo é manter o cabelo curto. Até lá, o cabelo cresce e nesse tempo aproveito para mudar de novo."

Loira, ruiva ou morena. O estilo não importa, mas quem não abre mão de colorir as madeixas deve ficar atenta quando um bebê está a caminho. Apesar de não haver comprovação científica oficial sobre os efeitos nocivos dos produtos utilizados para pintar ou alisar os cabelos, os médicos são unânimes ao contraindicá-los durante a gestação.Para engrossar o coro médico, uma pesquisa feita pelo biólogo Arnaldo Couto, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), encontrou evidências de que o uso de tinturas e alisamentos de cabelo durante a gravidez aumenta em quase duas vezes o risco de o bebê desenvolver leucemia nos primeiros dois anos de vida. A pesquisa faz parte da dissertação de Couto e foi premiada pela Associação Brasileira de Cosmetologia como o melhor estudo na área de Cosmetotoxicologia, durante o 17.º Congresso Brasileiro de Toxicologia, realizado em Ribeirão Preto.

Estimativa

Com o estudo, Couto chegou a uma estimativa de risco – duas vezes maior – em gestantes que se expuseram aos produtos químicos durante o primeiro semestre da gravidez. "Foram analisadas 14 marcas de tinturas e alisadores. Dos 150 componentes encontrados, 32 são potencialmente prejudiciais à saúde do bebê", conta o pesquisador.

O projeto acompanhou 650 mães de todas as regiões do Brasil, exceto o Norte. Dessas, 231 tiveram filhos diagnosticados com leucemia antes de dois anos de idade e 35 delas usaram produtos químicos no cabelo nos primeiros três meses da gravidez. "É nesse período que o bebê está em formação e ocorre uma intensa divisão celular, podendo ocorrer alterações no DNA da criança", explica Couto.

No entanto, o médico obstetra Inácio Teruo Inoue amplia o período de restrição. "Nem mesmo durante a amamentação eu autorizo qualquer produto químico que entre em contato com o couro cabeludo", sentencia. Desse modo, diz ele, uma alternativa para as gestantes seria fazer luzes ou reflexos, que não atingem a raiz dos fios. Outra opção é a henna, um corante natural que não faz mal à criança. Em geral, as mulheres respeitam o período da gestação mesmo tendo de abrir mão temporariamente do visual preferido. "Que mãe não se assusta com a possibilidade de prejudicar o filho com essas químicas?", questiona Inoue.

Mas parece que não são todas. Judith Genez é cabeleireira em Londrina e afirma que boa parte das gestantes não muda a rotina no salão. "Entre as minhas clientes grávidas, 40% continua pintando e alisando os cabelos enquanto esperam filho. Não existe nenhuma comprovação contrária", pondera. Em todo caso, a professora universitária Lívia Laura Matté resolveu não arriscar. Ela começou a pintar os cabelos há pouco mais de um ano. "Decidi ficar ruiva e amei o resultado, mas, no início deste ano, quando começei a me planejei para engravidar no final de 2011, parei de pintar e retocar a raiz", conta.

A decisão foi pessoal e, segundo ela, não houve indicação médica. "Até onde sei, não há estudos que comprovem os malefícios do uso de tintura no período gestacional, mas sempre ouvi que algumas tinturas possuíam substâncias nocivas, como a amônia", justifica. "Até conversei com um cabeleireiro e ele disse que eu poderia usar tonalizantes, sem dano nenhum ao bebê. Quando engravidar, se o cabelo desbotar demais e o médico aprovar, vou usar tonalizantes."

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