• Carregando...
Enterro reuniu centenas de pessoas e terminou em tumulto | Ricardo Moraes/Reuters
Enterro reuniu centenas de pessoas e terminou em tumulto| Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Reação

Perfil das UPPs no Twitter é invadido por hackers

O perfil das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro no microblog Twitter foi invadido por hackers na manhã desta quinta-feira, 24. A imagem principal da página (um painel onde se lê "Eu apoio a paz", com as letras U, P e P em destaque) foi trocada por uma imagem do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, encontrado morto na última terça-feira.

O hacker postou uma foto da mãe de DG e duas frases: "Não vai passar em branco" e "UPP continua matando até quando?" Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, o administrador da rede social foi avisado minutos depois e "em menos de duas horas o perfil oficial das UPPs foi restabelecido na rede social".

O tiro que atingiu e matou o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, de 26 anos, foi disparado de propósito em sua direção, concluiu a Polícia Civil. O delegado Gilberto Ribeiro, da 13.ª Delegacia de Polícia (DP), descartou, ontem, que o rapaz tenha sido atingido por bala perdida. "Se você quer chegar à conclusão de que uma bala perdida atingiu Douglas, que estava passando lá atrás, é impossível. Tirar essa conclusão é viagem", disse o responsável pela investigação das mortes de DG e de Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos.

O corpo do dançarino foi encontrado na manhã de terça-feira no pátio de uma creche no morro Pavão-Pavãozinho (Copacabana, zona sul do Rio), próximo a um muro com 10 metros de altura. Ele foi enterrado na tarde de ontem. Após o sepultamento, protesto realizado por moradores da favela e black blocs causou tumulto nas ruas de Copacabana.

Já prestaram depoimento à Polícia Civil oito dos dez PMs que participaram de um suposto confronto com traficantes horas antes de o corpo de DG ter sido descoberto. Segundo Ribeiro, todos negaram ter atirado no dançarino. Contudo, disseram que viram um vulto pulando o muro traseiro da creche. Também foram interrogados um irmão de criação de Edilson Santos, um adolescente que o socorreu e PMs que o levaram ao Hospital Miguel Couto, onde já chegou morto. Santos foi baleado na cabeça durante o protesto de moradores do Pavão-Pavãozinho, na noite de terça, que terminou em tiroteio e confusão na favela e no bairro. Investigadores da Corregedoria da PM e da 13.ª realizaram ontem perícia complementar na creche Lar de Pierina, onde DG morreu.

Antes do enterro, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse, em entrevista à TV Globo, que o crime será elucidado e que não se deve comparar a morte de DG à de Amarildo de Souza, pedreiro assassinado por policiais da UPP da Favela da Rocinha em julho do ano passado. "Em 30 anos, quantos Amarildos o crime não produziu nos fornos de micro-ondas (pneus empilhados onde corpos eram incendiados) no (complexo do) Alemão (agrupamento de favelas na zona norte)? Não quero isentar a polícia dos seus erros, mas não podemos esquecer o passado", disse.

A mãe do dançarino, Maria de Fátima da Silva, de 56 anos, insiste que uma moradora do Pavão-Pavãozinho testemunhou a morte de DG. Ela tenta convencer a mulher a prestar depoimento.

Ironia

Em junho do ano passado, DG participou do curta-metragem Made in Brazil. Nele, o rapaz de 26 anos faz o papel de um morador do morro Pavão-Pavãozinho que é executado por policiais militares.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]