• Carregando...
Polícia fez uma varredura, revistando de caixas d água a bolsas de mulheres e mochilas de crianças | Severino Silva/Agência O Dia
Polícia fez uma varredura, revistando de caixas d água a bolsas de mulheres e mochilas de crianças| Foto: Severino Silva/Agência O Dia

Rio de Janeiro - A disputa entre quadrilhas rivais pelo controle dos pontos de venda de drogas na favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, deixou pelo menos três mortos e quatro feridos em um tiroteio que começou no fim da tarde de quinta-feira e terminou na manhã de ontem. Só na manhã de ontem, a Polícia Militar entrou na favela com 100 homens, dois helicópteros e um carro blindado para terminar com o confronto. Mais de 3 mil crianças ficaram sem aulas com o fechamento de quatro escolas e três creches.

"Marginais do Comando Vermelho (CV) invadiram a favela de Vigário Geral e de Parada de Lucas, que estava sob domínio do Terceiro Comando Puro (TCP). Houve intensa troca de tiros. Fizemos incursão com blindados e ocupamos as estações de trem, mas avaliamos que não seria conveniente continuar na comunidade à noite porque poderíamos colocar em risco os moradores", justificou o comandante do Batalhão Ferroviário da Polícia Militar, tenente-coronel Eraldo Almeida.

Cerca de 30 traficantes do CV teriam participado da invasão. Moradores afirmaram que oito corpos de traficantes foram jogados no mangue que fica nos fundos da favela. "Fizemos uma varredura utilizando os helicópteros, mas o terreno dificulta a busca", declarou o tenente-coronel.

Os moradores estavam apavorados. "Eu gostaria de morar em um lugar onde não tivesse que passar por isso, mas não tenho opção", lamentou Ana Paula dos Santos, de 35 anos, mãe de cinco filhos, que carregava sacolas a caminho da casa de parentes. Muitas casas apresentavam marcas de tiros. A futura sede do Centro Cultural do Afro Reaggae foi atingida e policiais invadiram o local à procura de criminosos. Caixas d’água e mochilas de crianças eram revistadas.

As primeiras horas de tiroteio na noite de quinta-feira fizeram três vítimas de balas perdidas: Sueli Souza Santos, de 21 anos, e o adolescente J.M.F., ambos com tiros de raspão na cabeça; Bruna Regina Cerqueira, de 21, foi atingida na perna. Todos foram atendidos no hospital Getúlio Vargas e tiveram alta ontem. Ao amanhecer, a PM entrou na favela e traficantes encurralados entre os policiais e a quadrilha rival reagiram. Dois supostos criminosos morreram. Mozart da Cruz Freitas, de 24 anos, foi baleado na perna e não corre risco de morte.

O taxista Anderson Rodrigues Cardoso, de 29 anos, morreu ao ser atingido com um tiro no peito em circunstâncias não esclarecidas. "Há versões diferentes para a morte dele. Uns dizem que ele morava na comunidade e outros que ele estaria em um prédio vizinho. Vamos averiguar", disse o comandante do 1º Comando de Policiamento de Área, coronel Marcus Jardim.

O coronel rebateu as denúncias de moradores sobre a participação de policiais civis na invasão em uma viatura da 38ª Delegacia de Polícia de Irajá. "Nada disso foi constatado", afirmou o coronel. Ele garantiu que a polícia permanecerá na favela por tempo indeterminado. Ontem, traficantes das duas facções rivais escondidos na favela trocavam provocações pelo rádio.

Jardim confirmou que o confronto já era esperado e afirmou que a PM havia aumentado o policiamento nas imediações por causa dessas ameaças. Os boatos sobre a invasão começaram no início do mês, após a morte do chefe do tráfico de Parada de Lucas, Willians Oliveira Bento, o Furica, de 30 anos, um dos líderes do TCP, que havia expulsado traficantes do CV de Vigário Geral.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]