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Desolada com a morte do filho Vinicius de Deus Ramualdo, de 7 anos, a auxiliar de produção Eliane Oliveira de Deus, de 34 anos, pediu punição para a motorista que o atropelou nesta segunda-feira (21) em Itatiba, a 84 km de São Paulo. O menino, outras quatro crianças – com idades entre 3 e 10 anos – e uma adolescente de 14 anos conversavam quando um carro invadiu a calçada onde estavam sentados e os atingiu. Vinicius chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. "Tirou um pedaço de mim, não sei o que fazer agora", afirmou Eliane.

Ela estava no trabalho quando recebeu uma ligação informando sobre o acidente, ocorrido no fim da tarde. Quando chegou à Santa Casa do município, o filho caçula já estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Outra filha dela, uma menina de 9 anos, também ficou ferida, com escoriações pelo corpo, mas passa bem. Nesta terça-feira, durante o velório do filho, Eliane era amparada pelos amigos e familiares e chorava sem parar.

"Como mãe, eu quero que ela seja punida pelo que fez. Quero que ela apareça para contar o que aconteceu de verdade", falou a auxiliar de produção sobre a motorista responsável pelo atropelamento. Vinicius, a irmã e os amigos estavam sentados em uma calçada a duas casas de onde moravam, na Rua Antônio Ricardo Berti. Costumavam ficar no local, conversando, todos os dias. "É uma rua sem saída. Todo mundo que entra, entra com cautela", afirma.

Testemunhas do acidente contam que a motorista tentava estacionar o carro, em uma subida, quando perdeu o controle e invadiu a calçada. A cozinheira Rosane Alves Diniz, de 33 anos, chegava em casa quando presenciou o acidente. "Ela engatou uma ré, creio eu que não entrou, e ela acelerou", contou Rosane. Ela diz que um dos filhos dela, um menino de 9 anos, foi arremessado e bateu as costas. A criança ficou internada por 12 horas.

Na delegacia, a motorista, uma cabeleireira, deu outra versão para o acidente. Segundo o boletim de ocorrência, ela contou que transitava devagar pela rua quando viu as crianças na calçada. A mulher afirma que buzinou como alerta para que elas ficassem onde estavam, mas uma delas atravessou a rua.

Para não atingi-la, a motorista disse que mudou rapidamente de direção e atropelou as cinco crianças e a adolescente. Parou apenas quando atingiu uma árvore. Registrado antes da morte do menino, o boletim de ocorrência foi feito como lesão corporal culposa, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Testemunha

A jovem Maria José Martins da Silva, de 14 anos, estava com o sobrinho no colo, sentada, quando o carro invadiu a calçada. Ela jogou o menino de 3 anos para o lado e não conseguiu correr. Ficou presa sob o veículo. Ela nega que a motorista tenha buzinado ou alguém atravessado a rua. "Estava todo mundo sentado lá, ninguém buzinou", disse. Ela diz que viu a mulher tentando estacionar o carro na casa da vizinha.

A adolescente foi levada ao hospital e recebeu 22 pontos no joelho direito. Também machucou as costas. O sobrinho dela, Vitor, de 3 anos, machucou braços, a perna, o peito e levou 10 pontos na cabeça, que ele bateu na calçada. A mãe do menino, a auxiliar de cozinha Edivânia Martins, de 23 anos, estava em casa, na mesma rua, e ajudou no socorro. "Eu comecei a puxar ela de debaixo do carro. Depois, peguei o Vitor e corri para a Santa Casa", lembra sobre o socorro aos dois.

As testemunhas dizem que a motorista não ajudou no socorro. "Eu só queria que ela tivesse me ajudado a socorrer. Eu gritava para saber onde estava o dono do carro", contou a cozinheira Rosane Diniz. À polícia, a cabeleireira afirmou que tentou prestar socorro, mas algumas pessoas tentaram agredi-la. Por isso, se abrigou na casa de uma amiga e chamou os bombeiros. Os vizinhos negam ter havido qualquer ameaça à motorista.

Os moradores descrevem a rua como tranquila. Por isso, os pais deixavam os filhos conversarem e brincarem na calçada, principalmente agora, mês de férias escolares. Depois do acidente, eles dizem que isso vai mudar. "Eles sempre brincavam na rua, era sossegado. Agora, vai ficar deserto", contou Edivânia Martins.

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