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Ônibus na pista: seis linhas do transporte coletivo passam pela Toaldo Túlio | Fotos: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Ônibus na pista: seis linhas do transporte coletivo passam pela Toaldo Túlio| Foto: Fotos: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Obras

Três avenidas revitalizadas a cada ano

Para o próximo ano, também estão previstas obras semelhantes de revitalização na Avenida Marechal Floriano Peixoto, na regional Boqueirão, e na Rua Izaac Ferreira da Cruz, na regional Bairro Novo. Ambas como parte do projeto Nossa Vizinhança, da prefeitura de Curitiba. A ideia é que, a cada ano, três importantes ruas da cidade sejam restauradas para que diferentes programações das secretarias municipais sejam levadas até o bairro. A Avenida Vereador Toaldo Túlio será a primeira de 2010.

O projeto na Marechal Floriano está adiantado no Ippuc e a prefeitura tenta viabilizar recursos para a obra. "Vamos tentar ter o projeto concluído até o final do ano", diz Célia. Já a Izaac Ferreira da Cruz deve ser a terceira via a passar pela revitalização no ano que vem. "Estamos estudando quais serão as três do outro ano. Entramos em contato com as regionais para que a melhora seja feita nos locais onde realmente se tenha necessidade", afirma a assessora de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a arquiteta Célia Bim.

A homenagem ao homem do bigode

A Avenida Vereador Toaldo Túlio recebeu esse nome em setembro de 1958. Uma homenagem a Augusto Toaldo Túlio, descendente de italianos nascido em 6 de julho de 1918, no bairro de San­­ta Felicidade, em Curitiba. Fi­­lho de um casal de lavradores e fã de bocha, Augusto cresceu nas ruas de Santa Felicidade.

Segundo o primo Armando Túlio, Augusto sempre esteve envolvido e preocupado com o desenvolvimento do bairro. Prestigiado na "cidade" e marcado por seu bigode, ele teve importante participação no coral São Pio X e nos dois clubes de futebol tradicionais do bairro – o Trieste e o Iguaçu.

Augusto não cursou faculdade e foi eleito para uma cadeira na Câmara dos Vereadores em 1950. Esteve no cargo entre 1951 e 1955. Chegou a ser prefeito interino durante o mandato de Ma­­noel Ribas. Aos 39 anos morreu em Curitiba devido uma apendicite supurada, deixando a mulher e dois filhos. "Foi um baque terrível para toda Santa Felicidade", recorda o primo.

  • Buraco na calçada: coisa comum na cidade.
  • Manobra arriscada: falta de sinalização aumenta risco de acidentes
  • Sem espaço para o pedestre: projeto prevê ciclovia compartilhada
  • Entenda o que muda com a revitalização de 2010

O antigo caminho de terra que deu lugar à atual e movimentada Avenida Vereador Toaldo Túlio, em Curitiba, deve ganhar nova cara em breve. O "progresso" levou à via asfalto e calçamento e com o tempo vieram buracos e pedras soltas, o que aumenta o risco de acidentes com pedestres e veículos que a percorrem diariamente. "A rua está péssima. Cheia de buracos, o asfalto quebrado, a calçada toda torta. Tem lugares que têm calçada, outros não", descreve a comerciária Regina Mazuroski, 53 anos. "Faz anos que falam em reforma e não fazem nada", reclama o mestre de obras Antônio Carlos Dias, 44 anos.

Uma das principais artérias dos bairros Santa Felicidade, São Braz e Orleans, a Toaldo faz parte da história da região. Não se sabe ao certo quando foi aberto o caminho que ligava a estrada vinda do interior (a atual BR-277) à estrada de Santa Felicidade (hoje Avenida Manoel Ribas), mas os descendentes de famílias italianas vindas do Vêneto que se instalaram na região a partir de 1878 relatam a importância que a via teve na época. Era a ligação que os colonos tinham com o centro da cidade.

No tempo em que as carroças eram o único meio de transporte, era na Toaldo que se concentravam o transporte de madeira e da produção de milho e mate, o pastoreio de vacas e cabras, as procissões e casamentos, os eventos esportivos. "Das 400 carroças que existiam, 300 passavam pela rua. Sempre teve uma importância muito grande", conta o empresário Armando Túlio, 65 anos. Con­tudo, as lembranças também trazem alguns "causos". "Sem­pre tinha um atolador em que as carrocinhas paravam. E quando se encontravam duas carroças, dificilmente uma conseguia passar pela outra", lembra o marceneiro Pedro Cuman, 75 anos.

Com o passar dos anos, o caminho de terra foi aberto e coberto com saibro. Primeiro veio a luz em postes de madeira e, mais tarde, o asfalto. A antiga ponte deu lugar a um posto de gasolina, a capelinha de madeira virou igreja, as chácaras se tornaram comércio. "Nem mercado tinha. Eram poucas casas. Agora a gente fecha o olho, pisca, e já aparece mais comércio", conta Irene Ligmanovski Fonseca, 43 anos, que abriu uma lanchonete ao lado da casa em que os pais moram há 35 anos.

Hoje, a avenida continua a ser uma das principais vias dos três bairros que corta. Dominada por lojas dos mais variados ramos e cercada por dezenas de condomínios fechados, a Toaldo virou um shopping aberto. Além dos convencionais mercados, farmácias, restaurantes e padarias, lá se encontra loja de piscinas, gaiolas, pisos de madeira... Além disso, continua a ser uma das únicas saídas para quem mora na região chegar a outras partes de Curitiba. "É uma rua quase que totalmente comercial. É o escoamento para quem sai para trabalhar", resume Túlio.

Problemas do dia-a-dia

O tráfego intenso de veículos somado à falta de opções de saídas se reflete em um trânsito tumultuado. Tornam-se co­­muns as filas de carros e ônibus (seis linhas usam a avenida) que se formam nos horários de pico. "É um caos. O trânsito tem horários que é impraticável. Corremos o risco de bater o carro e quem está a pé pode ser atro­­pelado", afirma o aposentado Orlando Garcia. Em alguns trechos, chega a ser arriscado para o pedestre atravessar a via por falta de sinalização. Esta­tísticas mostram que, neste ano, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender 24 acidentes de trânsito e cinco atropelamentos na avenida. Além disso, ciclistas dividem o espaço com motoristas. "É complicado e bem perigoso. Ninguém respeita o trânsito. Andar (de bicicleta) na calçada não tem como", reclama Dias, que pedala toda a avenida, todos os dias, para chegar ao trabalho.

A calçada irregular, incompleta e com pedras soltas, e a fraca iluminação forçam as pessoas a andarem com mais cautela. "À noite, para andar nesta calçada assim é terrível para a gente com mais idade", comenta Cuman. Neste ano, cinco pessoas precisaram ser atendidas pelos bombeiros por terem caído na rua. E a segurança também está comprometida. "Perderam o medo. Estão roubando de manhã, de tarde, de madrugada", conta o segurança Clemilson Alves. Contudo, há quem não veja problemas. "A rua é boa e segura. A calçada é boa. Se reformarem, vai melhorar mais ainda e pode aumentar a convivência na rua, que é bem movimentada no final de semana", considera a vendedora Sueli de Souza Pereira.

Obras

Quatro quilômetros e meio da sinuosa Toaldo Túlio (entre a BR-277 e a Rua Domingos Stra­pas­­­son) devem começar a ser revitalizados no primeiro trimestre de 2010. A Rua Do­­min­gos Strapasson também entrará na reforma. Um projeto do Instituto de Pesquisa e Pla­nejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) orçado em R$ 6,65 milhões foi autorizado pela prefeitura, na semana passada, a sair do papel. As obras devem ser concluídas em cinco meses. "Pelo prazo legal de licitação, acreditamos que até março devemos conseguir dar início às obras", afirma a assessora de projetos do Ippuc, a arquiteta Célia Bim.

Estão previstos no projeto melhorias na pavimentação, sinalização, iluminação e calçamento, criação de ciclovia compartilhada, além de novo paisagismo e instalação de câ­­meras de segurança. Serão duas linhas em cada sentido com estacionamentos agregados à calçada e calçamento uniforme em toda a extensão da via. A revitalização faz parte do projeto da prefeitura de Curitiba co­­nhecido como Nos­sa Vizinhança, programado para ser estendido a ruas im­­portantes de outras regiões da cidade. "As obras vêm em um momento muito bom. São reivindicações antigas da comunidade. É um conjunto de obras que contribuirá para a segurança e bem-estar de quem usa a avenida", considera a administradora regional de Santa Felicidade, Inês Ul­­tramari Hartl.

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