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OIT defende boicote a empresas da "lista suja"

Somente a pressão da sociedade sobre as empresas e o Congresso vai acabar com a exploração do trabalhador em condições semelhantes à escravidão, defende a oficial de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Andréa Bolzon. Ela pede que as empresas fiquem atentas à "lista suja" do Ministério do Trabalho e evitem comprar mercadorias produzidas com o uso deste tipo de mão-de-obra.

Combate avançou, mas falta prevenção, aponta promotor

Evitar que o desemprego torne o trabalho escravo uma alternativa e garantir opções de sobrevivência ao trabalhador libertado são as políticas que faltam ao Estado, para o vice-presidente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho, Erlan José Peixoto do Prado. Segundo ele, a repressão avançou com a criação dos Grupos Móveis de Combate ao Trabalho Escravo e do cadastro de empregadores, conhecido como "lista suja". No entanto, o Estado criou mais medidas de repressão do que de prevenção. "As medidas punitivas são importantes, mas sozinhas não resolvem o problema."

Brasília – A maior parte dos cidadãos encontrados em situação semelhante à escravidão trabalhava em áreas na fronteira agrícola do país, apontam entidades que acompanham o combate ao problema no Brasil. "A expansão do empreendimento agropecuário coincide com a libertação de trabalhadores", afirma a oficial de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Andréa Bolzon. Para ela, na fronteira agrícola aliam-se às grandes propriedades as altas taxas de desemprego, favorecendo a contratação de trabalhadores em condições degradantes.

"O trabalho escravo contemporâneo é uma forma de o capital reduzir custos em seu processo de expansão e modernização, garantindo competitividade a produtores rurais", avalia o cientista político Leonardo Sakamoto, da organização de direitos humanos Repórter Brasil.

Para ele, o aumento da competição no campo, com o aumento das exportações, incentiva o trabalho escravo.

"Utilizam mão-de-obra em condições degradantes, de baixo custo, e invadem terras públicas, o que gera desmatamento, principalmente, na Amazônia."

A incidência de trabalho escravo na fronteira agrícola pode ser confirmada pelo cruzamento de dados da "lista suja" do Ministério do Trabalho com o mapa do desmatamento da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente e o crescimento da economia agrícola, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Outro dado que comprova essa avaliação, segundo as entidades que acompanham o assunto, são as atividades econômicas das empresas em que são encontrados trabalhadores em situação semelhante à escravidão.

Mais de 60% das fazendas autuadas cria bovinos. Em seguida vem a produção de carvão vegetal, 12%. Duas atividades típicas da fronteira agrícola brasileira.

A função desempenhada pelos trabalhadores também indica a sua utilização em atividades de expansão agrícola, segundo as entidades.

Metade deles tinha como trabalho cuidar do pasto. A segunda atividade mais desempenhada é o desmatamento – cerca de 20% dos trabalhadores libertados.

São atividades que, segundo a oficial da OIT, antecedem a implementação de pastos e áreas de cultivos.

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