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133 brasileiros

foram traficados entre 2005 e 2011 via Suriname, país da América do Sul usado co­­mo rota pelas quadrilhas. Per­nambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul lideram os registros de casos de vítimas no Brasil.

381 acusados

foram presos e indiciados pela Polícia Federal no mesmo período por tráfico internacional de seres humanos, a maioria mulheres, para fins de exploração sexual. Outras 158 cumprem pena pelo mesmo crime, segundo o Departamento Penitenciário Nacional.

Entre 2005 e 2011, pelo menos 475 brasileiros foram aliciados e vendidos por quadrilhas de traficantes para serem explorados como mercadoria no exterior. A maior parte das vítimas (337) sofreu exploração sexual enquanto um grupo de 135 pessoas foi submetido a trabalho escravo. Os dados fazem parte do diagnóstico preliminar sobre tráfico de pessoas no Brasil, elaborado pela primeira vez pelo Ministério da Justiça em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

O principal destino das vítimas foi a Europa, conforme o estudo, divulgado ontem. Em primeiro lugar, aparece a Suíça, para onde foram enviadas 127 vítimas, seguida por Espanha (104) e Holanda (71). Pelo Suriname, país da América do Sul usado como rota pelas quadrilhas, passaram 133 brasileiros rumo ao exterior. Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul lideram os registros de casos de vítimas.

No mesmo período de seis anos, a Polícia Federal (PF) prendeu e indiciou 381 pessoas por tráfico internacional de seres humanos, a maioria mulheres, para fins de exploração sexual. Outras 158 cumprem pena pelo mesmo crime nos registros do Departamento Penitenciário Nacional. O dado das prisões indica que há grande subnotificação de registros de vítimas.

Nos próximos dias, o governo lançará um pacote de medidas, sob análise final na Casa Civil da Presidência, para enfrentamento do tráfico de pessoas. O secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, reconheceu que o tráfico de pessoas, nas diversas modalidades, é um fenômeno ainda registrado de forma deficiente. "Isso ocorre porque uma de suas características é a invisibilidade das vítimas e a negação de se autorreconhecerem como tais", explicou. "No caso da exploração sexual, as vítimas nem sequer se enxergam como vítimas", acrescentou. Por isso, segundo ele, o governo vai desencadear campanhas massivas com foco na conscientização e para fortalecer a rede nacional de apoio às vítimas.

Estatísticas

O diagnóstico parcial foi conduzido entre maio a agosto de 2012 e recuperou estatísticas, sobretudo criminais, do tráfico de pessoas no Brasil. Segundo informações do Ministério da Saúde, em 2010, 52 vítimas de tráfico de pessoas procuraram os serviços de saúde. Em 2011, foram 80 vítimas. A Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, por sua vez, recebeu 76 denúncias de tráfico de pessoas em 2010 e 35 em 2011.

As vítimas que procuram os serviços de saúde são na maioria mulheres, na faixa etária entre 10 e 29 anos. Há maior incidência de vítimas (25%) na faixa de 10 a 19 anos, de baixa escolaridade e solteiras. Os dados da PF revelam que as mulheres (55% dos indiciados) são as principais aliciadoras, recrutadoras ou traficantes.

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