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Bombeiros retiram o corpo de uma das quatro vítimas confirmadas até agora na queda do Edifício Liberdade: cães farejadores ajudam nos trabalhos de busca | Ricardo Moraes /Reuters
Bombeiros retiram o corpo de uma das quatro vítimas confirmadas até agora na queda do Edifício Liberdade: cães farejadores ajudam nos trabalhos de busca| Foto: Ricardo Moraes /Reuters

Suspeita de obra mal-executada

A principal hipótese levantada até o momento pela Defesa Civil estadual e por engenheiros para explicar o desabamento súbito dos três prédios no centro do Rio é a ruptura de algum pilar de sustentação do edifício maior, de 20 andares, provavelmente causada por uma reforma interna. Esse edifício, o Liberdade, teria desabado primeiro e o impacto de seus escombros fez desmoronar também os dois prédios menores. Já a hipótese de explosão, que chegou a ser levantada na noite do desabamento, foi praticamente descartada pela prefeitura.

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  • Resumo da fatalidade

O centro do Rio amanheceu envolto por uma nuvem de poeira após bombeiros terem virado a noite em busca de possíveis sobreviventes do desabamento de três prédios comerciais, na noite de quarta-feira. Até o fim da tarde de ontem, quatro corpos tinham sido retirados da montanha de escombros que tomou a Avenida Treze de Maio e 22 pessoas continuavam desaparecidas. O desmoronamento mudou a rotina de muita gente. Ruas próximas da Cinelândia e do centro financeiro do Rio foram interditadas. Pessoas circulavam de máscara para se proteger da poeira que resultou da tragédia. A Câmara Municipal, onde foram reunidos parentes dos desaparecidos, foi cercada para facilitar os trabalhos.O primeiro corpo encontrado foi o de Celso Renato Cabral, 44 anos. Ele estava abraçado a uma carteira de sala de aula e tinha um celular no bolso. O segundo corpo estava dilacerado, sem documentos, mas as autoridades afirmam ser o catador de papel Moisés Moraes da Silva. O terceiro, Cornélio Ribeiro Lopes, 73 anos, foi reconhecido por parentes. O quarto corpo era de uma mulher não identificada.

Dos seis feridos na véspera, cinco foram liberados e uma mulher submetida a cirurgia reparadora no couro cabeludo continuava internada. O recém-reformado Theatro Municipal ganhou como paisagem de fundo uma parede de tijolos e uma montanha de toneladas de entulho. Nas drogarias próximas, máscaras de proteção esgotaram. A fina poeira causava irritação nos olhos.

Com o passar do tempo, a esperança de encontrar vida no meio do entulho deu lugar à resignação. "As chances são muito baixas", disse o comandante da Defesa Civil, o coronel Sérgio Simões. Na noite da tragédia, ele falara de bolsões de ar que poderiam fornecer oxigênio para soterrados.

Minutos depois

Quando a reportagem chegou ao local do desabamento, poucos minutos após a tragédia, ainda não havia isolamento e mais de cem pessoas transitavam pelas imediações sem entender o que havia ocorrido. Uma espessa nuvem dificultava a visão da montanha que restou, e os bombeiros iniciavam o trabalho de busca. Havia cheiro de gás no ar e muitos carros encobertos pelo pó. Quando guardas começaram a isolar o local, muita gente ainda tentava se aproximar para ver o tamanho do desastre.

Outros que passavam por ali na hora do desabamento contavam o que tinham visto. "Estava levando um casal ao Rio Scenarium e o desabamento ocorreu bem na hora em que passávamos na Avenida Almirante Barroso. O carro não foi atingido, mas ficou coberto de pó", contou o taxista Robson Pedro.

Em meio ao caos e à fumaça, a população mostrava solidariedade. O dono do Galeto Liceu, André Tavares, abriu as portas mais cedo para servir água às equipes de resgate e cedeu o banheiro do estabelecimento para os socorristas. "Resolvi abrir mais cedo depois que vi uma agente da Guarda Municipal passando muito mal com a fumaça. É minha forma de ajudar", contou.

O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias no estado em memória das vítimas mortas dos desabamentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro. O decreto será publicado no Diário Oficial de hoje.

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