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 | Mauro Campos
| Foto: Mauro Campos

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, isso porque além da elevada freqüência, acarreta em diversos efeitos psicológicos que afetam a imagem da mulher e sua percepção da sexualidade. No Brasil é a neoplasia responsável pelo maior número de mortes entre a população feminina. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) este ano a Região Sul deve registrar 9.540 novos casos da doença, sendo 2.970 no Paraná, 700 em Curitiba. O estado fica em quarto lugar no ranking de incidência, só perdendo para Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Embora as estatísticas apontem um crescimento no número de casos da doença, os diagnósticos têm se tornado mais precisos e precoces. De acordo com o médico mastologista do Hospital Erasto Gaertner, José Clemente Linhares, que esteve recentemente num congresso mundial sobre o câncer inicial de mama em Saint Gallen, na Suíça, a principal tendência no tratamento da doença é a individualização. Segundo o mastologista, as pesquisas atualmente tentam descobrir porque pacientes respondem de forma diversa ao mesmo tratamento. Linhares conta que um dos temas discutidos no evento, que reuniu cerca de 4 mil profissionais, foi o desenvolvimento de técnicas capazes de identificar o perfil genético das células tumorais.

Com este mapeamento é possível determinar a terapia mais adequada a cada caso e optar pelo tratamento menos agressivo. "Cada droga tem sua toxicidade, a tendência é dar preferência àquela que agride menos. O conceito do tratamento do câncer hoje em dia mudou. Antes se aplicava o máximo tolerado pelo paciente, agora a idéia é optar pelo mínimo eficiente. O objetivo maior é a qualidade de vida" resume.

Para o médico, embora as despesas com diagnóstico sejam maiores é preciso se levar em conta o custo benefício. "Com uma identificação mais precisa do tumor é possível estabelecer um tratamento melhor dirigido e portanto com menor risco de efeitos colaterais e complicações", esclarece.

Linhares conta que a proposta do encontro está em discutir a doença, os tratamentos disponíveis e as novas pesquisas na área com o objetivo de estabelecer consensos e orientações para o tratamento da doença. Nesse sentido, outro ponto bastante discutido foi a utilização dos chamados inibidores da aromatose - um processo de transformação dos hormônios masculinos em femininos, que ocorre nos casos em que o tumor tem dependência hormonal. Algumas medicações já conseguem impedir esse processo e bloquear a nutrição do tumor.

Além disso, Linhares conta que outra preocupação dos especialistas é a preservação da fertilidade. Segundo o médico, o câncer de mama tem atingido cada vez mais mulheres jovens. O problema é que o tratamento muitas vezes torna a mulher estéril. Por conta disso, as pesquisas estão buscando maneiras de possibilitar uma gravidez após o tratamento. Segundo Linhares, existem as técnicas que preservam o embrião, mas isso só é valido se a mulher já é casada ou tem um parceiro. Entretanto, estão sendo aprimoradas alternativas capazes de preservar o próprio tecido ovariano.

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