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Um homem de 60 anos, residente em Curitiba, é um dos dois primeiros pacientes do Brasil a se submeter ao tratamento de enfarte agudo do miocárdio com células-tronco. O procedimento, patrocinado pelo Ministério da Saúde (MS), foi realizado com sucesso na semana passada pela equipe do Hospital Cardiológico Costantini. Os médicos fizeram um implante de células-tronco adultas, extraídas da medula óssea do próprio paciente, na área do coração afetada pelo enfarte. Segundo o cardiologista e diretor do hospital, Costantino Costantini, que chefiou o procedimento, o objetivo é recuperar o músculo enfartado, evitando que o bombeamento de sangue no organismo seja prejudicado e que o paciente sofra de insuficiência cardíaca.

O procedimento feito em Curitiba integra o maior estudo para tratamento de doenças cardíacas com células-tronco já realizado no mundo. O esforço envolve 33 hospitais credenciados pelo MS em nove estados e no Distrito Federal e 1,2 mil pacientes com problemas no coração que aceitaram participar do estudo. A missão dos pesquisadores é desenvolver terapias com células-tronco para tratar males como cardiopatia isquêmica crônica, cardiomiopatia dilatada, doença de Chagas e enfarte agudo do miocárdio. Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares respondem hoje por 32% das causas de mortes no Brasil.

O Hospital Costantini aguardava há seis meses a autorização para iniciar o tratamento no enfarte do miocárdio, que chegou só no início deste mês. O paciente, que pediu para não ser identificado, deu entrada no hospital com quadro de enfarte agudo do miocárdio. Depois de prestar os primeiros socorros, os médicos verificaram que ele atendia os pré-requisitos do protocolo de estudo instituído pelo MS.

Após exames, o homem fez uma angioplastia, procedimento não-cirúrgico que desobstruiu a artéria entupida com a ajuda de um cateter (um tubo muito fino) que implantou um stent farmacológico (malha de aço recoberta com medicamento). Cinco dias depois da angioplastia, Costantini explica que a equipe médica retirou uma amostra do líquido da medula óssea e encaminhou-a para o laboratório celular, que fica dentro do próprio hospital. Em três horas, as células-tronco foram isoladas. A partir daí, o laboratório entrou em contato com o Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, que coordena a pesquisa e que realizou o outro implante simultaneamente ao Hospital Costantini. Como o estudo é randomizado (divisão dos pacientes que garante uma uniformidade entre os dois grupos do estudo), metade dos pacientes deve realmente receber células-tronco e os outros 50% receberão um implante de placebo (líquido sem nenhum efeito usado em estudos para definir a eficácia de determinado remédio ou tratamento) e serão tratados convencionalmente.

Depois disso, o paciente passou por um novo procedimento na segunda-feira da semana passada: com a ajuda de um catéter, com um balão na ponta, o fluxo de sangue na artéria foi interrompido e Costantini aplicou a injeção com cerca de 10 milhões de células-tronco (ou placebo) no músculo afetado pelo enfarto. A expectativa é de que as células passem a cumprir a função que o músculo já não consegue mais ou que formem novos vasos sanguíneos para melhorar a oxigenação do músculo cardíaco.

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