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O trem que se chocou contra outro na Baixada Fluminense, segunda-feira à noite, deixando 229 feridos - cinco ainda hospitalizados -, já havia apresentado problemas durante o trajeto, como iluminação oscilante e paradas longas nas estações contaram passageiros à polícia. A descarga elétrica de raios no sistema de sinalização pode estar entre as causas do acidente, investigado pela polícia e pela agência reguladora do setor, que deve multar a Supervia, concessionária do serviço.

Sob chuva forte, a colisão foi na altura do município de Mesquita, às 20h20, quando o intervalo entre os trens deve ser de oito a quinze minutos. Os passageiros relataram que, depois do acidente, em meio a gritos, escuridão, fumaça e confusão, houve um arrastão. Foram levados bolsas e celulares por oportunistas que entraram na composição, e também por pessoas que já estavam nos trens. Na delegacia de Mesquita, foi registrado o sumiço de objetos. O delegado Matheus Romanelli, à frente do caso, disse que vai requerer imagens do interior das composições para tentar identificar ladrões.

Além de passageiros, estão sendo ouvidos os maquinistas dos dois trens. A polícia quer saber se houve falha humana, mecânica ou ambas. O que se sabe é que o maquinista do trem que colidiu com o outro pulou da composição quando ela se aproximava da estação Presidente Juscelino, seis pontos antes do ponto final. Resta saber se ele desrespeitou a sinalização, foi mal orientado pelo controlador de tráfego ou traído pelos equipamentos eletrônicos do trem. A circulação foi normal nesta terça-feira. O secretário estadual de Transportes, Carlos Alberto Osório, que classificou o episódio como "um dia negro para o sistema ferroviário do Rio" disse que serão recuperadas informações de toda a tarde de ontem, para que se chegue à conjuntura que precedeu o acidente. "Uma das hipóteses levantadas é de que alguns raios possam ter afetado a sinalização. Chovia muito. Toda a operação passará por análise. Temos que saber o que aconteceu para que incidentes inaceitáveis como esse não se repitam", afirmou Osório. Ele informou ainda que o trem que estava parado é "muito antigo", mas que o novo foi "requalificado há menos de três anos."

Por causa da chuva, o trem trafegava em baixa velocidade, o que evitou que o acidente fosse fatal - circulava a cerca de 20 ou 30km/h, quando poderia chegar a 60 km/h no trecho, de acordo com a Supervia. Em 2007, dois trens, um cheio e um vazio, colidiram também no ramal de Japeri, em Austin, perto de Mesquita, e oito pessoas morreram. O trem cheio estava a 80 km/h.

Dos 229 feridos, cinco estão ainda no Hospital da Posse, três homens e uma mulher com fraturas sem gravidade e um homem com traumatismo craniano, porém lúcido. Os demais tiveram apenas ferimentos leves e foram liberados. A balconista Pâmela de Oliveira, de 24 anos, que saiu de manhã, reclamou da demora no atendimento. "Cheguei à 0h30 e só fizeram meu raio x às 4 horas. Tinha muita gente e a Supervia não deu nenhum suporte." A Supervia informou que o ATP (Proteção Automática para Trens), equipamento que reforça o sistema de sinalização dos trens, evitando acidentes, está em fase de testes nos ramais Japeri e Santa Cruz e em processo final de instalação nos ramais Belford Roxo e Saracuruna, e já funciona em Deodoro. A previsão é de que até o fim do ano o ATP esteja em vigor em todo os sistema. A empresa lembrou que é preciso que os novos trens comprados pelo governo sejam entregues, para serem equipados. Ainda será preciso treinar os maquinistas para usá-lo.

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