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O protesto que bloqueou a avenida Jacu-Pêssego e interrompeu a circulação de trens na zona leste de São Paulo foi controlado pela polícia por volta das 21h desta quarta-feira (29).

Segundo a polícia, um homem chegou a ser detido, mas depois foi liberado. Um policial foi ferido com uma pedrada na cabeça e diversos veículos da PM foram danificados.

O protesto começou por volta das 17h, com cerca de cem moradores ateando fogo em pedaços de madeira que foram colocados na avenida, nas proximidades da rodovia Ayrton Senna. O trânsito na região ficou complicado, e a lentidão na rodovia chegou a 6 km no sentido capital.

A avenida só foi liberada mais de duas horas depois. Policiais da Força Tática e da Tropa de Choque entraram em confronto com os manifestantes --recebidos a pedradas, revidaram lançando bombas de efeito moral.

Mesmo com a liberação da Jacu-Pêssego, os confrontos continuaram em ruas próximas, como a Catléias. Novas barricadas foram montadas e a polícia continuou usando as bombas até dispersar os manifestantes. Segundo professoras, as aulas nas escolas estaduais República de Honduras e José de San Martin foram suspensas por precaução, para evitar que os manifestantes invadissem o local.

A Polícia Militar informou que os manifestantes reclamavam da falta de assistência às vítimas de um incêndio que destruiu 85 dos 225 barracos de uma favela ontem. Mas moradores da região dizem que os manifestantes não eram da favela, moravam em casas do bairro e estavam apenas promovendo vandalismo. "Depois de muitos anos, o vandalismo voltou para a região", disse Adriano Santos, 30, que sempre morou no Jardim Nair.

A PM disse que iria manter o policiamento reforçado até a manhã de amanhã, para evitar novos tumultos.

Fechado

Ermes Rodrigo, 30, outro morador do bairro, ficou inconformado ao ser proibido pela polícia de entrar na rua de casa, no momento mais crítico do protesto. "Moro aqui desde que nasci e é a primeira vez que isso acontece. Minha mulher e meus filhos estão em casa, estou preocupado", disse. Outras moradoras também ficaram preocupadas. "Fiquei desesperada com as minhas filhas, que ficaram presas no trânsito. Não sabia o que estava acontecendo com elas", disse Cintia Santos, 31. Silvana Silva, 29, disse que uma bomba explodiu ao seu lado e ela precisou se esconder na casa de uma vizinha. Trens

Por volta das 18h40, os manifestantes também incendiaram objetos sobre os trilhos da linha 12-safira da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entre as estações Comendador Ermelino e São Miguel Paulista.

A circulação dos trens foi interrompida entre as estações Brás e São Miguel Paulista, o que, segundo a companhia, "prejudicou o retorno para casa de milhares de trabalhadores que utilizam os trens da linha".

A opção para os usuários foi usar a linha 11-coral, que teve o intervalo entre os trens reduzido para suprir a demanda, ou pegar ônibus gratuitos que circularam no trecho interditado. Também foi liberada a integração gratuita entre os trens e a linha 3-vermelha do metrô, na estação Tatuapé.

A linha 12 só foi restabelecida por volta das 21h.

Incêndio

O incêndio atingiu a favela na rua Manuel da Paixão por volta das 12h de ontem. Ninguém ficou ferido, mas, de acordo com a Defesa Civil municipal, 220 pessoas ficaram desabrigadas.

A favela, que fica em um terreno particular, é conhecida como Nova Vila Nair.

Por meio de nota, a prefeitura informou que prestou atendimento às famílias e que o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de São Miguel Paulista distribuiu 350 colchões, 350 cobertores, 146 cestas básicas e 137 kits de higiene aos desabrigados. Ainda segundo a prefeitura, as famílias não aceitaram ser levadas para abrigos municipais, mas uma comissão de moradores foi recebida hoje na subprefeitura e haverá uma nova reunião "para verificar outras formas de atendimentos necessários".

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