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Pontes e viadutos que ligam nada a lugar nenhum, terraplanagem engolida pela erosão e áreas públicas invadidas por favelas. Este é o cenário de uma obra importantíssima para o estado que está completando 30 anos de paralisação. A segunda ferrovia Curitiba-Paranaguá chegou a ter concluídos 19,4 quilômetros de compactação e nivelamento de solo entre a capital e São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Também foram erguidas várias pontes e viadutos – hoje monumentos ao desperdício de dinheiro público e à malfadada tradição brasileira da descontinuidade entre os governos.

Em 1975, as obras da via férrea pararam para nunca mais recomeçarem. No local onde deveriam estar passando trens para escoar a safra paranaense e aumentar a competitividade da economia brasileira, hoje circulam pessoas, crianças jogam futebol e vacas pastam o mato que cresceu no local em que os dormentes estariam assentados.

A nova ferrovia Curitiba-Paranaguá teria 100 quilômetros de extensão e começaria em um entroncamento ferroviário no bairro Uberaba, próximo às cavas do Rio Iguaçu, ao lado do atual viaduto da Avenida das Torres. Hoje, no local, há uma grande invasão, a Vila Icaraí. Casebres de madeira ocupam um trecho elevado em relação ao restante do terreno, que havia passado por obras de terraplanagem.

"Na época, foi tudo desapropriado e pago (aos proprietários). Mas agora foi invadido. É uma pena", diz o engenheiro Osmar Ribeiro, ex-funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e um dos técnicos que trabalhou na obra naquela época. Na última segunda-feira, o engenheiro acompanhou a reportagem da Gazeta do Povo a uma visita a diversos pontos que já haviam passado por obras para receber os trilhos da nova ferrovia.

A reportagem também observou algumas construções irregulares na área onde passaria a linha férrea no trecho urbano de São José dos Pinhais, próximo ao Aeroporto Afonso Pena. Mas a maior parte desse trajeto continua sem ocupação. Ribeiro afirma que, para que a obra pudesse ser retomada, seria necessário relocar todas as famílias que estão em áreas invadidas.

Desperdício

Depois de 30 anos, ainda há outros problemas naquilo que já havia sido feito. A terraplanagem, por exemplo, sofreu erosão em alguns trechos. "Tem que refazer muita coisa", avalia Ribeiro. Mais revoltante, porém, são as diversas pontes e viadutos já construídos, que custaram milhões de reais (em valores atualizados) e que não servem para nada há três décadas.

Segundo Ribeiro, pelo menos duas pontes de grande porte foram construídas na época: uma sobre o Rio Iguaçu e outra sobre o Rio Pequeno. Há ainda dois grandes viadutos. Um deles fica no trecho do litoral. Cruza a BR-277 um pouco antes do acesso para a Rodovia Alexandra-Matinhos (para quem está indo para as praias). Outro, na Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais, próximo ao terminal de ônibus, tem uso, pois foi construído para que os carros que circulam pela avenida passassem sobre a ferrovia.

O engenheiro Plínio Tocchetto, gerente de vias permanentes da América Latina Logística (ALL), que trabalhou na RFFSA, afirma que 14 quilômetros chegaram a ser concluídos no litoral e este trecho, hoje, é usado como continuação da primeira estrada. O trecho centenário, mais antigo, deixou de ser utilizado.

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