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Aula de natação na piscina aquecida da Oswaldo Cruz; aos fundos, o agito da Brigadeiro Franco | Fotos: Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Aula de natação na piscina aquecida da Oswaldo Cruz; aos fundos, o agito da Brigadeiro Franco| Foto: Fotos: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Ficha técnica

Os dados da praça, que fica entre a Visconde Guarapuava e a Sete de Setembro, região central de Curitiba:

Nome - Praça Oswaldo Cruz.

Fundação - 10 de outubro de 1976.

Infra-estrutura - 1 quadra poliesportiva, 1 ginásio coberto, 1 pista de atletismo, 1 piscina, 1 pista de caminhada, 1 sala de ginástica, 1 sala de ginástica artística/olímpica e 1 sala de musculação.

Atividades ofertadas - Ginástica, ginástica para 3ª idade, alongamento, musculação, natação e iniciação esportiva – futsal, basquete, voleibol, ginástica artística e ginástica rítmica.

Funcionamento - De segunda a sexta-feira, das 7h30h às 12 e das 13h às 22h. O centro esportivo permanece aberto nos finais de semana para atividades livres, de acordo com agendamento de horário.

  • Academia equipada: espaço democrático

Fosse uma amiga sua, a Praça Oswaldo Cruz, no Centro de Curitiba, seria aquela companheira de vida regrada, metódica e preocupada com a saúde. A praça acorda às 5h30, quando os primeiros corredores da madrugada-manhã caem no trecho. As atividades esportivas têm início às 7h30 e vão até 21h30. Por volta das 22 horas fecham-se os portões. Um guarda municipal e um módulo da Polícia Militar zelam pela calmaria. A Oswaldo Cruz não é dada às madrugadas. Que outras praças recebam os boêmios e os notívagos. Que sejam palco dos brindes de vinho e dos beijos dos casais da noite. Na Oswaldo Cruz, as noites foram feitas para dormir e os dias, para se exercitar.

A praça até recebe os namorados. Mas os encontros são sempre à luz do dia, nas arquibancadas do ginásio ou no gramado ao lado da pista de atletismo. Namorar pode, mas tem de ser respeitoso. A Oswaldo Cruz é, por assim dizer, uma praça de família.

Familiar e trabalhadora. São 1.200 alunos matriculados em nove modalidades esportivas. Nas sextas-feiras, dia de consulta às vagas, o telefone não dá trégua. É gente querendo cuidar da saúde e fazer exercício na Oswaldo Cruz. "Gente que não tem dinheiro pro ônibus e gente que deixa o filho com carro importado do ano", como diz Maria Cristina Sawaf, coordenadora das atividades na praça e gerente regional da Secretaria de Esportes na Regional Matriz.

Entre esses habitués está a atendente de locadora Eliana Corrêa, de 29 anos. Terça e quinta-feira ela sai de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, por volta de 8 horas. Acompanha a performance aquática do filho Luan, de 9 anos, por quase uma hora. Depois retorna para casa. Chega perto do meio-dia e dali a pouco já tem de sair para trabalhar.

Perto dali, na academia, está Álvaro Novack, 63 anos, a maior parte deles vivida como fumante. Por recomendação médica, Novack parou com o cigarro em fevereiro e começou na natação, às segundas e quartas. Resolveu incrementar as atividades e passou a fazer musculação nas terças e quintas. Na sexta ele ainda corre pela pista de atletismo. "Perdi pança e ganhei músculo. Faço três piscinas inteiras e quando cheguei nem colocava a cabeça dentro da água", conta orgulhoso.

Para garantir comodidade a seus atletas, a Oswaldo Cruz passou por reformas. A piscina ganhou aquecimento e a sala de musculação, novos aparelhos. Mudanças necessárias para quem completou 32 anos no último dia 10 de outubro.

Sim, a Oswaldo Cruz é uma trintona e não tem vícios. Dentro dos limites da praça, entrar com bebida alcóolica é pedir para ser olhado com censura. No ginásio, bebida e cigarro estão proibidos. Barulho e comemoração, liberados. Em dias de competições intercolegiais, a Oswaldo Cruz lembra um Atletiba.

O ginásio recebe competições de vôlei, basquete, futebol de salão e handebol. "Vários colégios particulares e federações marcam competições aqui. Temos uma agenda cheia durante todo ano", diz Maria Cristina. A regularidade dos torneios garante diversão para todo mundo. Na última sexta-feira, a reportagem acompanhou um jogo de handebol na Oswaldo Cruz. Na quadra, meninas de 10 a 12 anos de dois colégios particulares de Curitiba. Na arquibancada, além de colegas e pais, estava Polaco – "como me conhecem por aqui".

Polaco tem barbas e cabelos compridos e loiros, presos por um boné de posto de combustível. Blusa xadrez de lenhador canadense, bermudas e tênis all star velho. Ele grita e faz gestos. Pergunto se Polaco é parente de alguma das meninas. Não. Pergunto se ele já jogou handebol alguma vez na vida ou costuma acompanhar o esporte. Também não, diz ele. Mesmo assim, Polaco faz análises apuradas e cobranças às jogadoras. "Aquela 10 é muito fominha", diz.

Coçando a barba, o torcedor pede mais marcação, fala como se na quadra estivessem atletas da seleção brasileira de handebol. Ele mostra particular afeição pelo time que está perdendo. Levanta-se e gesticula. É quase um Wanderley Luxemburgo das quadras. "Tem de trabalhar mais a bola, procurar as alas." As dicas não surtem efeito. O time orientado por Polaco perde por mais de 20 pontos.

As meninas se cumprimentam e rumam em direção a seus ônibus. Polaco se despede e some em direção à Rua Brigadeiro Franco. Encerra-se mais uma grande festa do esporte na Oswaldo Cruz.

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