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Policiais militares do Batalhão de Choque, uma das tropas especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, usam balaclavas, conhecidas como toucas ninjas, para realizar a transferência dos policiais presos no Batalhão Especial Prisional, em Benfica, zona norte do Rio.

Os agentes que chegaram ao local na tarde desta sexta-feira (2), querem esconder o rosto para não serem reconhecidos pelos internos ou fotografados por jornalistas.

A balaclava foi autorizada em agosto pelo secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, em operações com reféns ou considerada de “interesse similar”.

Os 236 internos serão transferidos para a penitenciária Vieira Ferreira Neto, em Niterói, região Metropolitana do Rio. A transferência foi determinada pela Justiça após a juíza Daniella Barbosa Assumpção ter sido agredida, na tarde desta quinta-feira (1º), durante inspeção.

A magistrada, que é da Vara de Execuções Penais, afirmou que teve a blusa rasgada, perdeu os óculos e sapatos após quatro internos se rebelarem contra a inspeção.

Há dois meses, a juíza tenta acabar com regalias dos detidos no batalhão e já havia suspendido as visitas íntimas.

A agressão contra a magistrada causou reações de integrantes do Judiciário no Rio e em associações pelo país que repudiaram a ação. O ministro Ricardo Lewandowski determinou que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apure as circunstâncias da agressão.

“Os juízes, cuja força repousa a sua autoridade, precisam ter todas as condições para exercer as suas funções com a maior segurança”, disse o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).

Internos contestam juíza

Em cartas entregues à reportagem, internos negam as agressões e dizem que a juíza os xingou. Em um trecho da carta assinada por 35 internos, eles alegam que “um dos acautelados surtou” após a juíza ter entrado na galeria “de forma exaltada e ríspida, dando ordens aos acautelados para retirarem-se da galeria e irem para o pátio”.

Os presos afirmam que esse interno sofre de problemas psiquiátricos e que havia sido insultado pela magistrada em inspeção realizada em agosto. Nesse momento, a juíza teria dito. “Aqui só tem bandido e o lugar de vocês é [no Complexo Penitenciário de] Bangu para sofrer”.

Em Bangu, os presos já condenados cumprem pena, ao contrário do Batalhão Especial Prisional, que engloba policiais militares que ainda não foram julgados ou que ainda não foram expulsos da corporação.

Durante o bate-boca, os seguranças da magistrada teriam começado a rasgar cortinas da cela do interno com problemas psiquiátricos com o uso de estiletes e a jogar os pertences pessoais dele no chão.

“Era impossível qualquer diálogo. [...] Vale ressaltar que a magistrada não sofreu agressão, apenas seus seguranças foram empurrados para fora da galeria”, diz outro trecho.

Nesta sexta-feira (2), 130 deverão ser transferidos. A transferência total está prevista para este sábado (3).

“É algo feito na correria. Lá para onde vão não tem nem água encanada. Os vasos sanitários aqui do BEP foram levados hoje para lá [Penitenciária Vieira Ferreira Neto]. Eles não tinham regalias. Tudo era autorizado, geladeira, micro-ondas pela própria Justiça. E a gente levava comida no final de semana, porque o arroz que servem aqui já veio até com larva. Isso é desumano”, afirmou Daniela Almeida, a mulher de um dos internos.

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