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Olívia, Marina e Vitória (da esquerda para a direita): conquista em família | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Olívia, Marina e Vitória (da esquerda para a direita): conquista em família| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Uma rotina puxada e muita determinação. Essa foi a receita das trigêmeas Vitória, Marina e Olívia Baldissera de Souza, 17 anos, para se tornarem calouras da Universidade Federal do Paraná. Durante o ano passado, elas acordavam às 6 horas para estudar, iam para o colégio à tarde e depois da aula voltavam a estudar. A maior preocupação da mãe, Flora, era com o tempo que as filhas passavam sobre os livros. "Quando a gente levantava, o café estava pronto e elas já haviam começado a estudar. Apesar de terem feito do domingo um dia livre, às vezes eu pegava uma delas com o caderninho", conta.

Nem sempre foi assim. "Por volta da sétima série é que tomamos vergonha na cara e resolvemos estudar", diz Olívia, caloura de Jornalismo. Com os prêmios recebidos e as boas notas no boletim, enfrentaram até preconceito no colégio. "Nas nossas costas eles nos chamavam de 'CDFs'. Mas sempre que precisavam saber alguma coisa vinham pedir ajuda", lembra Marina, aprovada em Engenharia Mecânica.

Quando o resultado foi divulgado, na sexta-feira, a família toda já acreditava no sucesso das filhas. "Elas sempre nos passavam tranquilidade. O medo era de uma não passar, ou de duas não passarem", diz o pai, Altair.

A determinação e dedicação aos estudos é algo que as meninas trouxeram da família. Seus pais – ele arquiteto, ela designer gráfica – eram os melhores da turma. E os avós também dedicaram a vida aos estudos. "Nosso avô Rafael cursou três faculdades e falava vários idiomas. Assim como incentivou muito nossa mãe a estudar, fez com a gente também", conta Vitória, aprovada em Psicologia. O avô morreu logo após a primeira fase do vestibular. Apesar de muito abaladas com a perda, as irmãs continuaram a caminhada. "Ele ia querer nos ver sendo aprovadas, sempre nos incentivou muito", diz.

Olívia conta que a dedicação aos estudos veio também pela solidariedade aos pais. "A gente via o sacrifício feito por eles. Não achamos justo que tudo isso tivesse que ser feito mais uma vez, durante mais um ano pagando cursinho", diz Olívia.

Destinos diferentes

Depois de uma vida inteira juntas, é chegada a hora de as irmãs se separarem. Optando por cursos diferentes, elas não sabem como será quando não estiverem mais tão "grudadas". "Pode ser bom. Nós sempre dividimos uma chave de casa e um celular. Agora cada uma vai ter sua vida própria. Finalmente vou deixar de ser 'uma das trigêmeas' e me tornar eu mesma", comemora Vitória.

A separação também deve trazer a possibilidade de aumentar o círculo de amigos. "Sempre tivemos a mesma turma, as mesmas festas. Agora vamos apresentar pessoas umas às outras", diz Olívia. Seu pai complementa: "E a Marina é que vai achar namorado para as outras, lá da turma de Engenharia Mecânica", brinca.

Perguntadas se houve alguma promessa por parte dos pais, para o caso de elas entrarem na universidade, Olívia esclarece: "Na verdade, não nos esforçamos por eles. Fizemos por nós, era a nossa obrigação e é o nosso futuro." Agora, as comemorações continuam na casa da família Souza. Com a promessa de que o esforço nos estudos vai continuar, mas bem depois das 6 da manhã.

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