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O resultado do primeiro vestibular do câmpus do litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR), divulgado ontem, trouxe algumas decepções para a organização do concurso. Um dos principais objetivos da UFPR ao abrir cursos universitários nas praias era permitir que moradores do litoral tivessem acesso ao ensino superior. Mas, embora os residentes na região tenham sido quase metade dos candidatos inscritos no vestibular (46,2% do total), apenas 8,3% dos aprovados nos cursos de graduação moram na região. Das 60 vagas abertas (30 para Fisioterapia e 30 para Gestão Ambiental), somente 5 foram preenchidas pelos moradores locais.

Outra frustração da comissão organizadora do concurso foi com relação às cotas para negros: das 12 vagas disponíveis para afrodescendentes (6 em cada curso), apenas 3 foram preenchidas. Os candidatos cotistas negros não obtiveram nota mínima para ingressar na universidade. Já as cotas para alunos de escolas públicas (também 12 vagas no total) foram todas preenchidas. Mesmo com as frustrações, não há como negar que a vinda de estudantes de outras cidades deve estimular alguns setores da economia local, como o comércio e o mercado imobiliário.

O reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, afirmou que o resultado do vestibular para os cursos de graduação revela a necessidade urgente de se melhorar o ensino fundamental e médio no litoral, para que mais moradores da região possam ser aprovados. Ele ainda colocou a UFPR à disposição dos governos municipais e do estadual para trabalhar pela melhoria da educação básica nas praias. "Temos (a universidade) que fazer uma parceria com as escolas públicas do litoral para que o estudante seja acompanhado (do ponto de vista educacional) desde criança. Assim, eles terão melhores condições de fazer o vestibular e tentar a aprovação", disse o reitor.

O estudante José Antônio Sbravatti Júnior, 18 anos, candidato não aprovado no curso de Gestão Ambiental, confirma que a qualidade do ensino nas praias deveria ser melhor. "Em Paranaguá é um pouco melhor. Mas aqui na praia o ensino está meio fraco", disse ele, que mora em no balneário de Ipanema.

A corretora de imóveis Kariane Burghausen, 23 anos, moradora de Caiobá e uma das vestibulandas, pensa da mesma forma. "Do pessoal que fez cursinho pré-vestibular comigo, ninguém passou", afirma Kariane. A corretora, porém, foi aprovada em Agroecologia, um dos quatro cursos técnicos que também foram ofertados pela UFPR no mesmo vestibular.

O desempenho dos candidatos do litoral para cursos profissionalizantes foi melhor que o dos colegas que concorriam à graduação. Das 131 vagas ofertadas para os quatro cursos (Agroecologia, Enfermagem, Hotelaria e Transações Imobiliárias), 54 foram ocupadas por moradores do litoral (41,2% do total). Os habitantes da região eram 51,35% dos inscritos.

A cota para negros quase foi preenchida: 26 vagas estavam disponíveis e foram aprovados 24 afrodescendentes. E os alunos de escolas públicas superaram as expectativas. Para eles, estavam reservadas 26 vagas. Mas foram aprovados 30 alunos que cursaram todo o ensino fundamental e médio em instituições públicas.

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