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A Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o coordenador do programa de Pós Graduação em Ciências-Bioquímica da instituição, Miguel Daniel Noseda, foram condenados a pagar R$ 50 mil, a título de indenização por danos mo­­rais, para a pesquisadora e ex-aluna Gladis Anne Horacek Majcak, por plágio. A sentença da juíza Vera Lúcia Feil Pon­ciano, da 6.ª Vara Federal, é do dia 3 deste mês. O professor também deverá repassar a Gladis o valor corrigido de um prêmio recebido em 2001, na África do Sul.

Gladis Majcak desenvolveu sua tese de mestrado en­­tre 1997 e 1999 e teve Miguel Noseda como orientador. O trabalho que baseou a tese, "Atividade Anti-herpética de uma Galactofucana Sulfada Isolada de Alga Parda (Sar­gassum Ste­nophyyllum)", foi inscrito em 1999 na 28.ª reunião da So­­ciedade Brasileira de Bio­química e Biologia Molecular (SBBq). Em janeiro de 2001, a pesquisa foi enviada para o 17.° Simpósio Inter­nacional de Algas Marinhas, na África do Sul. O trabalho foi apresentado por Noseda, que colocou seu nome em primeiro lugar entre os autores.

Para a apresentação, uma palavra do título foi alterada. Ao invés de galactofucana, constou a palavra heterofucana. Galactofucana é o tipo específico do polissacarídeo (carboidratos que participam na formação de estruturas orgânicas); já heterofucana é um termo genérico, que, no entender da juíza, teria sido utilizado para "maquiar" a autoria. O trabalho foi premiado em US$ 500.

Gladis Majcak alegou que não foi comunicada e denunciou o caso à UFPR, que instaurou uma sindicância. Noseda foi absolvido e Gladis recorreu à justiça. "Houve irregularidades durante o processo de sindicância, sumiram páginas", afirmou a advogada de Gladis, Carla Fernandes Araújo Demchuk.

Em seu despacho, a juíza colocou que "a UFPR informou que o processo administrativo foi extraviado" e que a função do orientador é distinta da de um coautor. Ela entendeu que a UFPR também teve responsabilidade, por ter absolvido Noseda.

Segundo Carla Demchuk, o trabalho de Gladis abriu o caminho para a elaboração de um novo medicamento para a herpes. Gladis vive hoje no es­­tado de Michigan, nos Estados Unidos, onde trabalha como pesquisadora.

Miguel Noseda negou que tenha plagiado o trabalho e disse que sugeriu a linha de pesquisa para Gladis, já que possui doutorado no tema. "Normal­mente é sugerido que o nome de quem vai participar do congresso apareça em primeiro lugar. Mas, na publicação científica, que fica nos anais do congresso, está o nome da Gladis em primeiro."

Noseda disse que o valor do prêmio ainda está guardado e que, na área de pesquisa experimental, os nomes dos orientadores também são incluídos. Segundo o professor, o título foi alterado por uma questão científica. "Foi mudado o termo porque vimos que esse polissacarídeo era formado por mais açúcares. Foi para caracterizar melhor a estrutura." Por meio de sua assessoria, a UFPR informou que ainda não foi notificada da decisão e não iria se manifestar.

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