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Entrevista

Graduação de Letras/Libras coloca bilinguismo em pauta

Sueli Fernandes, coordenadora do curso de Letras/Libras da UFPR

Antes de ser professora, Sueli Fernandes (foto) é militante da causa surda. Coordenadora da graduação em Libras, ela conta um pouco da trajetória do curso na UFPR.

O que significa constituir a Libras enquanto uma graduação no curso de Letras?

Uma vitória. Reconhecer a Libras como primeira língua tira do surdo esta ideia de deficiência e dá um enfoque mais cultural. Ele passa a ser compreendido como um grupo linguístico e identitário minoritário, e não de pessoas com deficiência.

Qual deve ser o perfil do egresso?

Um docente de Libras para trabalhar com os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior. Na escola pode ser tanto um professor que vai dar a disciplina como primeira língua para surdos, ou como língua estrangeira, para ouvintes.

Como surgiu a ideia de implantar a Libras como graduação?

Até o ano passado eu era a única professora de Libras da universidade. Então veio o programa Viver Sem Limite, do governo federal, que prevê a implantação do curso em 27 instituições de ensino (uma por estado), entre outras coisas. A UFPR foi uma das dez primeiras contempladas.

Por que o vestibular não foi em conjunto com a seleção geral?

Primeiro porque a prova é em Libras, e seria impossível, do ponto de vista logístico, traduzir toda a prova do processo seletivo tradicional ainda neste ano. Além disso, são provas em vídeo, então tem um trabalho de filmagem, edição, supervisão. Os fiscais têm de ser intérpretes, para perceber a comunicação entre candidatos. Então deve continuar separado por mais alguns anos, até integrar os processos.

A Universidade Federal do Paraná divulgou ontem o resultado do vestibular para o curso de Licenciatura em Letras – Língua Brasileira de Sinais (Libras). Dos 30 aprovados para a primeira turma, 22 são surdos e oito, ouvintes. Assim como no vestibular tradicional da UFPR, o processo seletivo de Libras reservou 40% das vagas para estudantes cotistas. Dentre os estudantes surdos, nove são cotistas (quatro negros) e, entre os ouvintes, são quatro vagas para cotas (duas para negros).

O corpo docente conta com sete professores, dois deles ouvintes. Além disso, a universidade tem seis intérpretes que farão o meio de campo com o Português nas aulas teóricas da graduação, além de auxiliarem alunos surdos de outros cursos da instituições.

O professor Jefferson Diego de Jesus explica que os professores devem elaborar uma didática que priorize o uso da Libras, e que os intérpretes devem entrar em ação apenas em algumas aulas, para auxiliar em debates teóricos.

Direito agrário

A UFPR também anunciou a primeira turma de Direito voltada para assentados da reforma agrária, iniciativa do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Incra, que financia a proposta. Os 60 estudantes vão usar a mesma infraestrutura e ter aulas com os mesmos professores do curso tradicional, mas em turma separada.

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