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O ultimato dado pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) aos delegados para que os investigadores deixem de cuidar de presos nas carceragens ainda não teve resultados práticos. Três delegacias foram notificadas na terça-feira em Curitiba, mas o 12.º Distrito Poli­­cial (DP), no bairro de Santa Feli­­cidade, já contava com oito auxiliares de carceragem há um ano e não tinha policiais atuando na guarda de presos. As outras duas, a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) e a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), não tiveram condições de cumprir a notificação no prazo de 24 horas.

"Desde que foram disponibilizados oito carcereiros para a nossa unidade, há mais de um ano, o quadro está completo", disse o delegado Rogério Martin de Castro, titular do 12.º DP. O xadrez da delegacia tem capacidade para 26 presos, mas ontem abrigava 136. Com quatro anos de experiência na função, o auxiliar de carceragem Davi Rodrigues é o mais antigo do 12.º DP. "A parte braçal é conosco", afirmou. A equipe é responsável por servir comida aos detentos, varrer o corredor e revistar as celas.

Na DFR não há auxiliar de carceragem, o que impede o cumprimento da notificação. São 50 vagas e 44 presos. Na DFRV, há apenas um único auxiliar de carceragem. Ontem havia 103 detentos onde cabem 20.

Ontem, o Sinclapol notificou as delegacias de Rio Branco do Sul, Al­­mirante Tamandaré e Colombo (Cen­­tro e Alto Maracanã). Hoje, se­­­rá notificado o 9.º DP de Curitiba, única carceragem feminina da ca­­pital, que tem vaga para 16 presas e ontem abrigava 59. Pela ma­­nhã, dirigentes do Sinclapol se reú­­nem com delegados da DFR e da DFRV.

Interior

Em Prudentópolis, os quatro investigadores que trabalham na carceragem devem deixar a guarda de presos a partir de hoje. A delegacia abriga entre 45 e 50 presos (a capacidade é para 16) e não tem agentes carcerários. A previsão é contar com o auxílio da Polícia Militar. "As tentativas de fuga sempre acontecem. E a nossa carga horária é muito maior do que as 40 horas semanais", disse um investigador que pediu para não ser identificado.

Em Castro, a expectativa é que os policiais civis continuem a executar a função. Dois investigadores se revezam em turnos de 24 horas de trabalho para 48 horas de folga. Segundo o delegado Alisson Henrique de Souza, os policiais atuam somente na carceragem. Além deles, há um agente que permanece no cuidado dos 90 presos (a capacidade é para 35). Em Guarapuava e São Mateus do Sul, os policiais permanecem no trabalho das carceragens até as novas decisões do Sinclapol.

A retirada dos policiais civis de funções estranhas à carreira é uma das reivindicações da categoria, que foi proibida de entrar em greve por decisão judicial. O Sinclapol aproveitou a decisão da Justiça pa­­ra cobrar o cumprimento do Esta­­tuto da Polícia Civil e da legislação que rege a Polícia Judiciária. As normas só admitem o trabalho de policiais na guarda de presos quando houver interesse da investigação e antes da conclusão do inquérito.

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