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Grupo Nevoeiro em ação: madrugadas de frio e chuva na região metropolitana para ver estrelas longe da luminosidade artificial de Curitiba | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Grupo Nevoeiro em ação: madrugadas de frio e chuva na região metropolitana para ver estrelas longe da luminosidade artificial de Curitiba| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Incentivo aos observadores amadores

Em maio, Foz do Iguaçu vai entrar oficialmente no mundo da Astronomia com a inauguração do Polo Astronômico do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O empreendimento, que será aberto à comunidade, quer incentivar novos astrônomos amadores na região Oeste e divulgar a Astronomia.

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Brasil tem dois cursos de graduação

No Brasil há apenas dois cursos de graduação em Astronomia. Um é ofertado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e outro pelo Instituto Astronômico e Geofísico, em São Paulo, além de existirem diversos cursos de pós-graduação para quem tem formação na área de Física. Amadores e profissionais, no entanto, reconhecem a importância um do outro. "Os amadores já fizeram inclusive descobertas interessantes", conta o astrônomo profissional Marcelo Emílio. Kazmarech, que é formado em Geografia, mas atua como técnico administrativo na UEPG, lembra que a pesquisa tem avanços graças aos profissionais. Ele, porém, brinca com uma diferença básica. "O profissional é pago para ser curioso e o amador paga para ser curioso", afirma o amador. (MGS)

  • Professor José Manoel Luís da Silva: 40 anos de astronomia
  • Dom Sérgio: admirador do céu de estrelas

O astrônomo e diretor do Observatório e Planetário do Colégio Estadual do Paraná, José Manoel Luís da Silva, perdeu as contas de quantas palestras deu em colégios, bibliotecas e clubes amadores de astronomia durante o ano de 1986, quando o cometa Halley passou próximo ao planeta Terra. "Dava entrevistas quase todo dia e até editamos histórias em quadrinhos sobre o fenômeno. Foi o ano da febre do Halley", diz o astrônomo, com mais de 40 anos dedicados à astronomia.

O técnico em informática e fundador do grupo de astrônomos amadores Nevoeiro, Leandro Trevisan, 26 anos, sequer lembra da passagem do cometa. "Eu tinha 4 anos. Posso até ter olhado para o céu, mas não me recordo de nada", diz. Para ambos, porém, 2009 é um ano cercado de expectativas, que promete retomar o frisson astronômico de 1986. Motivos para isso não faltam.

O ano é, oficialmente, Internacional da Astronomia e o Brasil terá papel de destaque nas comemorações. O Rio de Janeiro será sede da Assembleia da União Astronômica Internacional (IAU).

No encontro, as discussões técnico-científicas prometem pegar fogo. No último encontro, realizado em Praga, República Checa, em 2006, Plutão foi rebaixado de categoria. Virou planeta anão. "Aproveitaram que muitos cientistas sérios não estavam ali ou não estavam presentes no momento e mudaram essa denominação. Vamos discutir isso no Rio com mais seriedade", diz Silva, que, se não conseguir recolocar Plutão na posição da planeta, pretende, ao menos, manter a honra do último corpo celeste do sistema solar. "Que seja chamado de microplaneta."

Junto com o ano internacional e com o encontro, uma enxurrada de lançamentos literários tratando da astronomia deve chegar às livrarias. Um deles conta a vida do cientista que há 400 anos apontou sua luneta para os astros e começou a fazer as primeiras observações. O livro Galileu – Pelo Copernicanismo e pela Igreja, do italiano Annibale Fantoli, foi traduzido para o português pelo bispo de Ponta Grossa Dom Sérgio Luiz Braschi, que começou a olhar para o céu ainda na infância, nas aulas de Geografia, mas só retomou as atividades de astronomia com a passagem do Halley – ele de novo – em 1986.

Todo esse pessoal que lida com astronomia – seja de forma profissional ou amadora – quer a patuleia vendo estrelas em 2009. "O conhecimento técnico e o material para observação podem vir depois. O importante é querer ver", diz Trevisan, que junto com o grupo Nevoeiro passa semana sim, semana não correndo atrás dos melhores pontos para a observação astronômicas. Nesse vale-tudo, eles encaram madrugadas de céu nublado, chuva, frio e grandes distâncias percorridas até Agudos do Sul, Almirante Tamandaré ou Rio Branco do Sul para fugir da luminosidade artificial de Curitiba.

A presença de quem tem pouca ou quase nenhuma intimidade com a luneta é uma constante no Clube de Astronomia do Colégio Estadual do Paraná (Cacep). Lá, quem quer aprender tem à disposição a estrutura do planetário, no Colégio Estadual do Paraná, e do observatório astronômico, em Campo Magro. "O pessoal vem aqui no planetário, damos uma pequena aula e depois seguimos em caravana até o observatório. Até o ano passado fazíamos isso em um sábado por mês. Neste ano tem sido todo o sábado", diz o professor Silva.

O lema do "todo mundo olhando para o céu" também é a regra na Sociedade Princesina de Ciências Astronômicas, de Ponta Grossa. O grupo tem apenas sete membros, mas leva lunetas e telescópios para praças públicas e estacionamentos de shoppings para incentivar quem está passando a dar um olhada mais detalhada nos céus. "Vem todo tipo de gente. De estudantes a bêbados", conta o coordenador Maurício Kazmarech. O ano, afinal, é esse. Nem é preciso pintar estrelas para ter o céu ao alcance das mãos.

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Serviço

Sociedade Princesina de Ciências Astronômicas: http://www.spca.rg3.net

Grupo Nevoeiro: http://www.nevoeiro.org

Clube de Astronomia do Colégio Estadual do Paraná: http://www.cacep.com.br

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