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Tráfego intenso nos horários de pico na PUCPR levou universidade a adotar plano para diminuir número de carros | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Tráfego intenso nos horários de pico na PUCPR levou universidade a adotar plano para diminuir número de carros| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Faltam iniciativas nas instituições

Ainda são tímidas as iniciativas propostas pelas principais universidades de Curitiba para ajudar a melhorar o trânsito e, principalmente, diminuir a poluição. Das oito instituições de ensino superior consultadas, cinco apresentaram medidas simples para tentar conter a quantidade de veículos usada pelos estudantes. Duas instituições particulares, por exemplo, fazem apenas campanhas com o objetivo de aumentar a carona solidária entre os colegas de classe.

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Sistema de ciclovias pode ser pedra no sapato

Uma das ideias para alavancar o plano de mobilidade da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) é o incentivo ao uso de bicicletas. A proposta, entretanto, pode esbarrar em um sério problema de mobilidade da cidade de Curitiba: as ciclovias existentes ligam parques, mas não servem, normalmente, ao trânsito diário casa-trabalho ou casa-faculdade.

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Ações

O plano da PUCPR comtempla as seguintes medidas:

Bicicleta

- Aumento do número de vagas do bicicletário de 86 para 110, sendo 28 delas em um sistema de bicicletário fechado.

Ônibus

- Câmaras nos pontos de ônibus próximos à universidade.

- Abertura de um portão mais próximo aos pontos de ônibus e aos principais blocos de aulas.

Pedestres

- Manutenção das calçadas.

Carros

- Sanções para uso indevido da área de estacionamento.

- Implantação do sistema de carona inteligente.

Metas

- uso de carro – de 51% para 41%

- uso de ônibus – de 46% para 52%

- bicicleta – de 1% para 5%

- Reduzir a emissão na atmosfera de 246 toneladas de monóxido de carbono e 6 mil tonelada de dióxido de carbono, num período de 10 anos.

Em uma hora, um pico com um fluxo de carros dez vezes maior do que o de um shopping em época de Natal. Multiplique isso por dois; 200 dias por ano. Para o caos falta pouco. Enquanto os grandes shoppings da cidade causam um fluxo médio de 300 carros por hora em época de compras no fim de ano, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) gera no câmpus Prado Velho, em Curitiba, um movimento dez vezes maior, de 3 mil carros por hora, em dois horários de pico (pela manhã e à noite), todos os dias. O número de carros a cada hora, nestes momentos específicos, é semelhante ao fluxo registrado, por hora, na ida ou volta das praias, durante um feriadão.

Se forem somadas as outras universidades, o resultado não é animador: um levantamento informal feito pela reportagem mostra que pelo menos 23 mil veículos são colocados diariamente nas ruas pelos universitários, principalmente nos horários de pico: manhã, almoço e final do dia. O número, contudo, é ainda maior porque somente cinco universidades souberam informar quantos alunos usam o carro para se locomover todos os dias. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) – que sozinha tem cerca de 42 mil estudantes – ainda não fez um levantamento sobre o assunto.

A Universidade Tuiuti do Paraná disse que desconhece a quantidade de veículos que entram todos os dias na sede da instituição. Já a Uniandrade não respondeu ao pedido. O Centro Universitário Fae afirmou que circulam, em média, 3 mil veículos por dia no estacionamento; na Unibrasil são 3,3 mil (incluindo cerca de 400 motos), no Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba) são 1,5 mil por dia e na Universidade Positivo são 5 mil. E a PUCPR, no total, coloca 10 mil automóveis, todos os dias, nas ruas.

Plano

Para tentar amenizar o problema, a PUCPR promete lançar a partir do dia 6 de maio um plano inédito de mobilidade. A ideia do PlanMob é incentivar o uso de outros meios de transporte, como a bicicleta e o ônibus. O público, porém, pode ser resistente, já que se estima que 51% dos alunos e 85% dos professores vão à universidade de carro todos os dias. O ônibus é usado por 46% dos alunos e a bicicleta por apenas 1% dos 25 mil estudantes. Do total, 2% vão à universidade a pé.

As metas são ousadas. "Queremos diminuir a quantidade de alunos que vêm de carro para 41%, subir para 5% os que usam a bicicleta e 52% os que usam ônibus", afirma o diretor do doutorado em Gestão Urbana da PUCPR e um dos idealizadores do projeto, Fábio Duarte.

O PlanMob também promete reduzir 246 toneladas de monóxido de carbono e 6 mil toneladas de dióxido de carbono despejados na atmosfera, num período de 10 anos – um relógio medidor será instalado na entrada no câmpus, até o fim do ano, com um sistema que faz um cálculo de quilômetros rodados a partir dos endereços cadastrados dos alunos.

Os alunos vêm sendo orientados sobre o programa, que vai aumentar o número de vagas para bicicleta de 86 para 110. Quem for de ônibus contará com câmeras instaladas nos pontos próximos à PUCPR para dar mais segurança. Um portão novo será aberto em uma área mais próxima a esses pontos. Os pedestres contarão com uma equipe exclusiva de manutenção de calçadas, com a instalação de travessias elevadas (espécie de lombadas chamadas de traffic calming) e piso podotátil para os portadores de deficiência visual.

Por fim, o "X" da questão – os carros – também será atacado. Segundo Duarte, a primeira medida foi disciplinar o uso deles dentro do câmpus. Os donos dos carros estacionados em locais proibidos passarão a sofrer sanções. Na primeira fase, os alunos serão apenas orientados. Num segundo momento, porém, quem for reincidente pode ser obrigado a ter de deixar o carro em casa por um período de 15 dias e escolher outro meio de transporte.

A partir do segundo semestre, por meio da intranet, os alunos poderão se cadastrar para participar do programa de carona inteligente. Cada estudante poderá se inscrever como interessado em "dar carona" ou "receber carona". O sistema cruzará dados com os endereços dos estudantes, horário de aulas e colocará os interessados em contato.

Para o advogado e professor de Direito do Trânsito Marcelo Araújo, as universidades precisam pensar em políticas para melhorar o trânsito e diminuir a poluição. "A cada ano elas criam um novo público, que são os alunos calouros que entram para o ensino superior", afirma. É como se um novo shopping fosse criado a cada início de ano letivo, segundo Araújo, com um agravante: o público do shopping é determinado. Nas universidades, o jovem que ingressa, com cerca de 17 anos, tem uma alta expectativa de ir para a faculdade com o carro próprio. "O problema nunca diminui, pelo contrário, sempre aumenta. Os alunos que se formam saem de carro e continuam circulando com ele pelas ruas, agora como profissionais. Os alunos que entram querem tirar a carteira de motorista e ter um veículo para ir às aulas", diz.

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Interatividade

As universidades são responsáveis pelo trânsito que geram? Que ações elas poderiam promover para melhorar o fluxo de veículos?

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