Há três anos, Gerusa espera por uma cirurgia pelo SUS. Procedimento foi adiado causa de uma greve| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

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Atendimento é universal

O SUS foi criado em 1988 para garantir o acesso à saúde para toda a população. Nesse contexto, também os usuários que têm planos privados de saúde podem ser atendidos no sistema, desde que sigam o fluxo normal da rede, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba. Ou seja, iniciando o atendimento na unidade básica e, a partir dela, sedo encaminhados para outros níveis de atenção à saúde.

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Unidade Básica de Saúde (UBS), Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs), pronto-atendimento, hospitais de referência. Várias são as siglas e os locais onde é ofertado atendimento médico e hospitalar por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Com tantos nomes, o usuário muitas vezes fica sem saber em que tipo de estabelecimento deve procurar atendimento. Complexo para alguns, o Sistema Único de Saúde pode (e costuma) causar confusão.

A coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília (UnB), Maria Fátima de Souza, explica que no imaginário popular o hospital ainda é a referência na busca por tratamento. "Há uma herança do modelo de organização do serviço de saúde nas décadas de 60, 70 e 80. É preciso quebrar esse paradigma, mostrar que a saúde não é cuidada apenas nos hospitais", explica.

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A orientação é que os pacientes sempre procurem uma unidade básica, que é a porta de entrada do SUS. No local, os usuários serão avaliados e, caso haja necessidade, encaminhados para consultas, exames ou internamentos. "O melhor caminho é ter atenção básica como coordenadora de um sistema integrado", avalia a professora.

Em Curitiba, entre 70% e 80% das situações são resolvidas na unidade básica, de acordo com a secretária municipal de Saúde, Eliane Chomatas. Na atenção básica são feitas tanto ações preventivas quanto os primeiros atendimentos. "A rede hospitalar deve atender um número menor de pacientes e casos mais complexos", explica a secretária.

Eliane afirma que em Curitiba os usuários têm buscado prioritariamente as unidades básicas e não os hospitais. A dificuldade, segundo a secretária, está no fato de que pacientes têm procurado por atendimento só na situação de emergência e, depois, não controlam a doença muito menos continuam o tratamento na unidade básica.

A rede de Curitiba tem 50 unidades básicas. Quando elas estão fechadas ou trata-se de um caso mais grave, a orientação é que os pacientes procurem pelos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs), que funcionam 24 horas. Com leitos para internação, os oitos centros da capital atendem casos de média complexidade, caracterizada por procedimentos e atendimento especializados. Já os procedimentos que envolvem alta tecnologia e alto custo são de alta complexidade.

"A rede é crucial para o sistema, que tem de ser hierarquizado", diz a secretária. Nessa rede, também os usuários podem dar sua colaboração, cuidando da saúde, seguindo as orientações médicas, participando dos conselhos de saúde e não faltando às consultas e aos exames agendados. Segundo Eliane, o índice de faltas chega a 30% na capital.

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Sistema único tem entraves

Alvo de elogios na teoria, o sistema público de saúde no Brasil nem sempre funciona com eficiência. Um reflexo dessa situação é a espera da auxiliar de produção Gerusa Avelar, que aguarda por uma videolaparoscopia. Ela percorreu todo o caminho indicado na busca por atendimento médico, mas esbarrou em greves e filas.

Gerusa sofre há pelo menos três anos de cólicas intensas e hemorragias. Em 2010, ela foi até uma Unidade Básica de Saúde e descobriu que tinha uma massa estranha no ovário, que precisaria ser analisada. Foi encaminhada ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC), onde começou o tratamento. Após mais exames e consultas, uma videolaparoscopia foi marcada para o dia 17 de junho de 2011. Um dia antes do procedimento, porém, uma representante do HC informou que servidores estavam em greve e que a cirurgia seria adiada.

Em novembro de 2011, a auxiliar de produção telefonou para o hospital e foi informada de que teria de refazer todo o procedimento, o que incluía novas consultas e exames na unidade de saúde. Em janeiro deste ano, Gerusa reiniciou a peregrinação.

O médico Rafael Pazzello, responsável pelo serviço de videolaparoscopia ginecológica do HC, informa que a doença de Gerusa, a endometriose, é grave, mas não há risco de vida. A previsão, segundo ele, é de que o procedimento seja feito dentro de 60 dias.

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