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Foz do Iguaçu – Uma polêmica lingüística está incentivando um debate inusitado na fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina. Escrever Foz do Iguaçu ou Foz do Iguassu? O vereador Djalma Pastorello (PSDB) é autor de um projeto de lei que tramita no Legislativo municipal para mudar a grafia do nome da cidade para Foz do Iguassu. O assunto já extrapolou a esfera política e será debatido amanhã em uma audiência pública na Câmara de Vereadores aberta à comunidade.

O resgate histórico de Foz do Iguaçu é o principal motivo que levou o vereador a apresentar o projeto. Originalmente, Foz do Iguaçu nasceu com dois "s". Era 1914 quando o município surgiu oficialmente e foi batizado de Vila Iguassu. Em 1918, passou a chamar-se Foz do Iguassu. Mas a grafia polêmica teve vida curta. Por volta de 1940, foi adotado o Vocabulário Ortográfico e Ortoépico da Língua Portuguesa, organizado pela Academia Brasileira de Letras de acordo com a Academia das Ciências de Lisboa, publicado em 1932. O acordo provocou inúmeras mudanças, inclusive no nome do país, que passou de Brazil para Brasil, além da grafia do Iguassu, escrito com ç.

Segundo Pastorello, na época, a mudança ortográfica foi rechaçada por outros destinos turísticos. A Bahia, por exemplo, manteve o h, enquanto o estado de Sergipe não trocou o g pelo j e a cidade de Mossoró (RN) preservou os dois ss. "Na época, não houve transtorno à cidade de Foz. Mas hoje, todo o material internacional de divulgação é escrito com ss. E na hora de divulgar um e-mail com o nome da cidade, você acaba tendo que dizer um palavrão", argumenta.

O vereador sustenta que, além de valorizar a origem do município, o termo Iguassu registrado no século passado em certidões de nascimento e documentos oficiais facilita a divulgação do destino turístico e não altera a pronúncia da palavra.

Um estudo realizado por ele indicou que pelo menos 146 países não adotam o ç, entre eles os Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha e a Itália, emissores de turistas à cidade. O inglês, idioma considerado internacional, adota o Iguassu ou Iguassu Falls para referir-se às Cataratas do Iguaçu.

Pastorello esclarece que a lei é válida apenas para a mudança do nome da cidade e não é retroativa. Por isso os demais denominações permanecerão grafados com ç, tais como, Cataratas do Iguaçu, Palácio do Iguaçu e Rio Iguaçu. A regra também é válida para documentos e placas de veículos que já estão sendo usadas.

Após ser debatido por políticos, professores e gramáticos na audiência pública, o projeto continuará tramitando no Legislativo. Atualmente, a proposta está sendo analisada pela comissão de Justiça e Redação da Câmara Municipal. Caso seja aprovada também pela Comissão de Finanças e Orçamento, e pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, será votada pelos vereadores em outubro.

A audiência pública foi convocada pelo vereador Geraldo Martins (PT), contrário à iniciativa do colega. Ele diz que a alteração trará transtornos à comunidade e dificultará o aprendizado das crianças na escola.

Esta não é a primeira tentativa de transformar Foz do Iguaçu em Foz do Iguassu. Em 1993, o então vereador Mohamad Barakat protocolou na Câmara um projeto com o mesmo propósito que acabou sendo arquivado.

Serviço: Participe do fórum de debate sobre a idéia de mudar a grafia de Foz do Iguaçu e dê a sua opinião. Acesse o www.ondarpc.com.br/interativo.

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