• Carregando...
O trabalho rural é ressaltado por Claudio Dedecca como um dos ofícios com peso na pesquisa | Dirceu Portugal / Gazeta do Povo
O trabalho rural é ressaltado por Claudio Dedecca como um dos ofícios com peso na pesquisa| Foto: Dirceu Portugal / Gazeta do Povo

Cerca de 20 milhões de bra­­­­si­leiros, precisamente 19.994.952, moram e trabalham no mesmo endereço. A proporção é de quase um quarto da mão de obra ocupada do país. Na pesquisa inédita, feita no Censo 2010 e divulgada na última sexta-feira pelo IBGE, essa parcela se repete em qualquer região do país. Norte (26,5%) e Sul (24,2%) são as duas com maiores porcentuais de pessoas trabalhando no próprio domicílio.

Apesar de ainda não haver detalhes dessa nova realidade captada pelos recenseadores, acredita-se que o trabalho remoto seja um movimento muito incipiente. Postos de trabalho agrícolas, artesanais e ocupados por mulheres, como cozinheiras e costureiras, apresentam-se como os que concentram a maior parte dessa população. Segundo a pesquisa, a grande maioria dos ocupados trabalha na mesma cidade em que mora: 64%. Há ainda uma parcela considerável — quase um milhão de pessoas — que trabalha em mais de uma cidade ou país.

Para Claudio Dedecca, professor de Economia Social e do Trabalho da Unicamp, é preciso ter atenção para uma possível "glamourização" do trabalho em casa. Ele afirma que, apesar de ainda não haver detalhes sobre as profissões envolvidas no cálculo do IBGE, o trabalho rural certamente tem um peso importante. "Existe uma visão um pouco glamourosa idealista como se fosse uma vantagem que daria maior liberdade. É falsa. Algumas pessoas podem conseguir isso, mas, para a maioria, tem consequências desfavoráveis. Em geral, o tempo total de trabalho é elevado."

Informalidade

Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Saboia chama a atenção para a presença da informalidade na atividade dos que disseram que não saem de casa para trabalhar.

"Talvez os dados confirmem que boa parte esteja na informalidade e talvez até ganhando muito bem, com muitos clientes. Mas alguns estão aproveitando as tecnologias de informação para trabalhar a distância, sem precisar se locomover." Saboia ressalta não ser preciso fazer uma leitura negativa dos dados. "Há o lado positivo da independência. A jornada de trabalho fica mais longa, mas, quanto mais a pessoa produzir, mais ela vai ganhar."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]